Preparamos uma supresa especial para vocês. Pedimos para a minha mãe, a dona Sônia, elaborar uma série de posts sobre as cidades históricas de Minas Gerais – sua especialidade. Se preparem para viajar conosco 🙂

“(…) Mesmo sem a antiga fartura de ouro e diamantes, pelo seu modo de ser e de viver, Minas vale a pena ser descoberta, conhecida e compreendida – e isso (…) é antes um convite, não uma enciclopédia nem uma louvação. Minas continua, depois da última página.” Carlos Drummond de Andrade

Igreja São Francisco de Asis - Ouro Preto

Igreja São Francisco de Asis - Ouro Preto

Certa vez minha filha me perguntou dentre as cidades históricas de Minas Gerais qual eu mais apreciava? A resposta veio rápida, como sempre: Ouro Preto. Mas, amor não se explica, não é mesmo? Só sentimos. Hoje, refletindo novamente sobre a pergunta outra cidade também ocupa minhas lembranças: Diamantina.

Assim resolvi, a convite dela, falar um pouquinho de cada uma. Ambas, Ouro Preto e Diamantina, afloraram durante o séc. XVIII, no esplendor do ciclo da mineração. Ouro e diamantes faziam brilhar os olhos de emboabas e paulistas, pela posse dessas riquezas mataram e foram mortos.

E hoje, acredito realmente, que conhecer essas duas cidades é de fundamental importância para todos os brasileiros. É ao caminhar por Ouro Preto e Diamantina, como também pelo centro histórico do Rio de Janeiro, que temos uma ligeira noção da existência de homens e mulheres que lutaram por nosso país. Assim, como percebemos, da mesma forma, o quanto ainda está por ser feito, pois muita coisa não mudou.

Bem, retomemos o nosso caminhar. Antes de chegar às cidades deixe-se capturar pela sua localização geográfica. Certa vez li uma frase que me encantou: “Estás vendo aquela muralha é para que em Minas só cheguem os bravos.” Hoje elas já não devem nos assustar, mas sim nos extasiar. Observe com atenção os “verdes mares de morros” que circundam Ouro Preto. E também se deixe capturar pela beleza das Serras dos Cristais em Diamantina, e ao por do sol você terá uma surpresa, pois as montanhas parecerão esculpidas em ouro.

Segundo Antonil, existiam cerca de cinco caminhos diferentes para se chegar a Minas: o caminho velho, saía do Rio de Janeiro, seguia pelo oceano até Paraty, depois Taubaté e Pindamonhangaba, Guaratinguetá até o Rio das Velhas (+/- 30 dias); o caminho novo, saia do Rio de Janeiro, tomava a direção do Paraibuna e subia para Ouro Preto (+/- de 10 a 12 dias); o caminho de São Paulo, saia de São Paulo para Jacareí até Taubaté a partir daí seguindo o caminho velho; o caminho da Bahia que descia por Cachoeira, era o menos difícil, porém muito longo; e finalmente, existiam também os descaminhos, quase trilhas usadas por contrabandistas e por aqueles que iam em busca de riquezas.

Hoje você pode optar pelo caminho velho/novo a não tão conhecida, mas belíssima Estrada Real, ou pode seguir pela Rodovia BR 040 e a Rodovia dos Inconfidentes… qualquer que seja a sua escolha, vamos, pois, a Ouro Preto e a Diamantina. Vamos visitar seus templos e monumentos. Preparem-se, vamos caminhar…

E, por falar, em caminhar é dessa forma que essas cidades devem ser visitadas. Ande, sem pressa. Lembre-se você voltou ao séc. XVIII, carros, motos não fazem parte da paisagem, ou pelo menos não deveriam. Ande devagar, quem sabe você terá a sorte de cruzar com Tiradentes passando apressado pela Rua São José, ou se você estiver em Diamantina, talvez esbarre com o Padre Rolim retornando da inspeção em uma de suas lavras de diamantes (sim, padre também buscava diamantes).

Ao andar por essas cidades, observe atentamente o seu caminho, olhe os detalhes, eles te encantarão. Veja e observe o Brasil Barroco.

Olhe Ouro Preto, por exemplo, a partir da Casa dos Contos, segundo alguns historiadores a mais importante e imponente construção civil no Brasil do séc. XVIII, observe o ir e vir dos transeuntes, veja o sol batendo nas janelas dos sobrados vizinhos e sinta a imponência dessa residência. Se você possuir uma imaginação fértil poderá até ouvir os sons dos saraus que cortavam as horas dos lentos dias do passado.

Já  em Diamantina observe a cidade através das janelas da sala de estar da residência de Xica da Silva, hoje transformada em Museu. Observe a igreja que teve o sino colocado próximo ao altar para que ficasse mais distante da casa. Observe as montanhas que circundam a cidade, elas são um espetáculo à parte.

Vamos nos colocar a caminho, pois temos muito a visitar nessas cidades, temos muito a observar, temos muito a nos emocionar. Vamos, eu vos espero para esse nosso caminhar…