A cidadela que você vê aqui embaixo (em foto de maio de 2003) nasceu há mais de 2000 anos.
Durante quase todo esse tempo, ela passou por sei lá quantas guerras, resistiu a um mudaréu de conquistadores, viu revoluções e entrou firme no terceiro milênio, já como uma das principais atrações turísticas do seu país.
Então, pouco antes das 5 horas e 30 minutos da manhã do dia 26 de dezembro de 2003, um terremoto atingiu a região. O resultado está nas fotos abaixo.
E aqui em um comparativo de antes e depois (desculpe pela qualidade, sei que está péssima, mas foi o que eu encontrei em Creative Commons).
Arg-e Bam fica na cidade de Bam, no Irã, relativamente perto da fronteira com o Paquistão.
Os primeiros engenheiros da cidadela foram os aquemênidas, uma das dinastias mais fortes que governaram o Irã e boa parte do mundo entre os anos 550 e 330 antes de Cristo.
Depois dos aquemênidas, vieram montes de outros impérios que viram Arg-e Bam crescer, se tornar uma das cidades mais importantes da rota comercial entre oriente e ocidente e virar lenda entre os viajantes. Até que, em 1722, os afegãos chegaram, expulsaram os moradores e acabaram com a festa.
O esvaziamento e o esquecimento duraram até 1950, quando arqueólogos, engenheiros e outros especialistas no assunto começaram a sua primeira grande restauração moderna.
(Veja como ela estava em maio de 2003, em uma foto de 360º interativa.)
Arg-e Bam é toda construída com troncos de palmeiras e tijolos de adobe (barro misturado com palha) e é o maior projeto do mundo nesse estilo. Também é considerada “o exemplo mais representativo de uma cidadela medieval construída em barro”, segundo a Unesco, que só incluiu o lugar na sua lista de Patrimônios da Humanidade em 2004, depois do terremoto.
Hoje, o governo iraniano e muitos especialistas lutam para restaurar Arg-e Bam. O terremoto destruiu 80% da cidadela e, segundo relatos de viajantes em fóruns pela internet, até 2012 apenas 20% havia sido recuperado.
O trabalho dos restauradores é terrivelmente difícil. Arg-e-Bam não pode ser considerada como uma tarefa só, porque passou pelas mãos e pelas técnicas de engenharia e arquitetura de vários povos, o que exige que cada prédio seja estudado, tenha seu método de construção identificado e só depois seja restaurado do jeito correto.
Ao mesmo tempo, outros técnicos estudam como reconstruir a cidadela de forma que ela seja mais resistente a terremotos (bastante comuns no Irã), sem perder as características originais. Para isso, testam, testam e testam novas misturas de barro todos os dias.
Todo esse trabalho estava previsto para durar 15 anos, mas a realidade já mudou o prazo para sabe-se lá quando.
Mesmo com Arg-e Bam em estado deplorável, o Lonely Planet é bem claro: se você tiver tempo, não deixe de visitar as ruínas da cidadela na sua visita ao Irã. O povo de Bam, que vivia cheia de turistas antes do terremoto e que foi completamente destruída também, agradece com a famosa hospitalidade persa.
Comentários
Oi, Gabe. Tudo bem? 🙂
Seu post foi selecionado para a #Viajosfera, do Viaje na Viagem.
Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com
Até mais,
Natalie – Boia Paulista
Êêêêê! =) Brigadão!
Gostei muito da dica.
Era um lugar lindo. A natureza é implacável e imprevisível. Que pena!