Se você está se aprontando para ir para o Irã, eu tenho duas dicas boas ligadas aos departamentos de Compras e de Cultura da sua viagem.
A primeira dica é que, ao contrário do pensamento popular e apesar do país ser uma pechincha para nós, os tapetes persas não são nem um pouco baratos por lá. Os valores deles são justos, pela trabalheira e pelas histórias de cada um, mas não são baixos.
A segunda dica é que você não precisa gastar uma grana preta em um tapete para ter um produto artesanal tipicamente iraniano na sua casa. Você pode pagar bem menos e trazer para o Brasil uma lindíssima, delicadíssima e persíssima pintura em miniatura.
Uma coisinha tipo essa aqui embaixo, que hoje mora na minha sala.
Essa arte é nada menos que a forma de pintura mais famosa do Irã no mundo, com presença no Louvre, no British Museum, no Brooklyn Museum e na Biblioteca Britânica, entre outros lugares por aí.
A história dela é longa e incerta (chega pelo menos até o século 3) e não consegui descobrir os motivos que levaram os persas a pintar em áreas tão pequenas. Mas os entendidos no assunto concordam que o estilo ganhou força lá pelos anos 1200 d.C., quando os mongóis invadiram a Pérsia e levaram junto uma baita influencia chinesa na forma de representar pessoas e objetos em um cenário.
A arte cresceu tanto que, séculos mais tarde, foi ela que influenciou outras, como as miniaturas otomanas e também as de outro império, o mogol (sim, é parecido com “mongol”, mas não é o mesmo).
Originalmente, as miniaturas eram feitas em papel e guardadas em livros junto com várias outras, mas ganharam telas diferentes ao longo do tempo e hoje são feitas até em pedaços de osso de camelo – justamente a forma mais fácil de ser encontrada, a mais procurada pelos turistas (em caixinhas) e a que eu trouxe para casa.
Os desenhos de hoje mostram personagens dos poemas clássicos persas, partidas de pólo (um esporte que, dizem, foi criado lá), paisagens, cenas de caça, desenhos abstratos e geométricos, além de cópias dos tetos de mesquitas famosas, como a Sheikk Lotfollah, em Esfahan.
Esfahan, aliás, é o melhor lugar para encontrar essas pequenas maravilhas. A cidade é cheia de artistas pintores de miniaturas, inclusive um senhor chamado Hossein Fallahi, conhecido em várias partes do mundo, com trabalho exposto em muitos países. Esse tiozinho simpático aqui da foto abaixo.
Hossein tem duas lojas na cidade e é fácil dar de cara com ele, sozinho, pintando calmamente na sua mesa.
É uma belíssima chance de comprar um souvenir de muito valor artístico, preço acessível (minha caixa maior custou 160 dólares) e bem mais fácil de levar para casa do que um tapete persa.
Comentários
Muito bom o Post, não preciso nem falar o quanto sou leitor constantes dos posts, com mais estas informações, com certeza, vou guardar para quando eu for para la, futuramente.
Olá, achei esse blog meio sem querer ao pesquisar por fotos do Irã antes do Islamismo e me impressionei com o blog. Mas percebi que suas viagens são bem diferentes do restante de pessoas que opta por viagens internacionais. Por que escolheu esses lugares?
Oi, Annie! Obrigado pelo elogio!
Sobre a sua pergunta, eu pergunto de volta: por que não escolher esses lugares? =)
Mas explicando melhor: não sei exatamente, só sei que tenho curiosidade sobre lugares diferentes. Gosto de conhecer culturas bastante diversas das nossas.
Linda a riqueza de detalhes em um espaço tão pequeno. Amei!