Eu costumava tremer as bases quando a sexta-feira ia se aproximando e a aula do curso de redação estava próxima. Era época da minha quinta série e não era a quinta série de hoje, onde as crianças já falam 3 idiomas, estudam com seus iPads e já conheceram 35 países. Era a quinta série de raiz, malevolente, do tempo que as crianças ainda eram reprovadas na escola. Uma hora de aula parecia uma eternidade, ainda mais quando era dia de estudar quadros do Portinari.
Tudo era gigante e eu não conseguia compreender direito o que ele queria dizer com todos aqueles símbolos. E quando a lição de casa era fazer alguns estudos analisando os quadros com músicas marcantes do Chico Buarque? Eu ficava com a impressão de que nunca iria conseguir aprender a escrever de fato.
Na sexta série as leituras das obras do Portinari começaram a ficar mais fáceis, não porque ele havia simplificado sua obra, mas por eu estava começado a entender o que tudo aquilo representava.
Na sétima série, eu já gostava dessa brincadeira e quando as aulas, que costumavam levar uma vida para passar, envolviam relações com quadros do Portinari e do Picasso, elas passavam num piscar de olhos.
Assim nasceu uma paixão, uma admiração muito grande por esse artista que, na minha humilde opinião, é um dos artistas mais importantes da História da Arte do Brasil. Alguns críticos podem não concordar comigo, mas pra mim, nasceu ali o meu encanto pelo mundo das artes.
Não tive a oportunidade de o Guerra e Paz, uma das obras mais famosas do Portinari, ao vivo no prédio da ONU em Nova York. Eu sabia que ela havia voltado para o Brasil para ser restaurada e exposta ao público, mas só me toquei de que ela estava em São Paulo depois de ver esse vídeo que a Patrícia compartilhou no Facebook.
Portinari em São Paulo
Ao entrar na sala onde estão expostos os dois painéis, me senti de volta a quinta série e lembrei de cada momento, de cada explicação da minha antiga professora de redação. Confesso que não imaginava que um dia conseguiria ver essa obra ao vivo.
É de lavar a alma.
Você que mora em São Paulo ou mesmo aqui no interior, não deveria perder essa oportunidade única. A obra fica exposta até o final de Abril no Memorial da América Latina e a entrada é franca.
Memorial da América Latina
[one_half]Endereço:
Avenida Auro Soares de Moura Andrade, 664 – Barra Funda
São Paulo-SP
Local da Exposição Principal:
Auditório Simón Bolivar
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[one_half_last]Horário:
Terça a Domingo: 9h às 18h
Valor:
Grátis
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Comentários
Muito legal o texto, a visita, o painel… quem sabe não arranjo uma desculpa qualquer pra aparecer e ver esse quadro… fiquei com vontade!
Oi dona Adri!
Eu, que não sou tão fã assim do Portinari, adorei a exposição e o vídeo explicativo sobre a obra. Vi muita coisa de Picasso e Guernica no Guerra e Paz e nos estudos que ele fez. Vale muito a pena mesmo 😀
Foi muito bacana mesmo a exposição!!
Muito legal seu relato. Estou começando a conhecer as obras de Portinari e já me apaixonei. Um cordial abraço.
Obrigado, Frederico 🙂