Minha tara pela Etiópia começou em 7 de novembro de 2008. Naquele dia, recebi um e-mail de um amigo que estava lá, contando um pouco das aventuras naquele lugar.
Desde então, o país africano já foi citado em alguns posts desta coluna, mas, vergonhosamente, nunca foi o tema de um Por Que Pra Lá?.
Bom, chegou a hora de corrigir esta falha.
Etiópia – Por que para lá?
Quem passou consciente pelos anos 80 tem uma imagem bem forte e nada boa da Etiópia. A fome na região foi tão marcante que virou o principal ícone da miséria no mundo na época.
Hoje o país continua muito pobre (é o 174º em IDH), mas aquela imagem já não é mais a mesma e dizem que o desenvolvimento vai chegando pelas beiradas, enquanto o turismo cresce e as atrações etíopes começam a aparecer para o mundo.
Geograficamente falando, a Etiópia (cujo nome significa “Terra dos homens enegrecidos pelo sol”) é mais um dos países do Chifre da África. Ela faz fronteira com o Sudão do Sul, o Quênia, o Sudão, a Somália, a Eritreia e o Djibuti.
Mas vamos ao que interessa: por que diabos fazer turismo na Etiópia?
1 – Para ver Lalibela e seus prédios religiosos de pedra maciça, esculpidos em buracos no chão e venerados no país.
Eles são mais de uma dezena (entre igrejas, tumbas e capelas), foram cavados entre os séculos 12 e 14 e funcionam até hoje. Muitos são interligados por túneis e todos são considerados Patrimônio Cultural da Humanidade, pela Unesco.
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2 – Porque a Etiópia tem 9 lugares considerados Patrimônios da Humanidade, pela Unesco.
3 – Para conhecer o lugar onde todos nós nascemos, já que os fósseis mais antigos de Homo sapiens foram descobertos lá, além do fóssil de hominídeo mais antigo do planeta (Lucy, a moça abaixo).
Aliás, dá para ver a Lucy ao vivo em Adis Abeba, a capital etíope.
4 – Para conhecer Axum, a cidade que foi a capital do Império de Axum, um dos mais importantes da humanidade, dividindo as honras da época com ninguém menos que persas, romanos e chineses.
Axum ainda mantém relíquias dos seus bons tempos (a cidade foi fundada por volta do ano 100 d.C.) e é outro Patrimônio da Humanidade no país.
5 – Para ver a Igreja da Santa Maria do Sião (em Axum), onde a Igreja Ortodoxa Etíope jura que está guardada nada menos que a Arca da Aliança.
O que é a Arca da Aliança?
É a universalmente famosa “arca perdida”. Aquela que o Indiana Jones e um batalhão de nazistas procuravam no primeiro filme do nosso herói e onde estariam as tábuas dos dez mandamentos cristãos, entre outros objetos valiosíssimos para algumas religiões.
Não é pouca coisa, não.
6 – Para conhecer o Nilo Azul, o rio que se junta ao Nilo Branco, no Sudão, e forma o maravilhoso e mítico rio Nilo.
7 – Para conhecer os mosteiros que ficam próximos ao lago Tana, construídos entre os séculos 14 e 16, que guardam pinturas e relíquias religiosas locais e também são Patrimônios da Humanidade.
8 – Para visitar o Parque Nacional Bale Mountains, com seus bichos estranhos, e o platô Sanetti (aqui embaixo).
9 – Para conhecer a floresta Harenna, também no Parque Nacional Bale Mountains.
10 – Para visitar o leste do país, definido pelo Lonely Planet como uma região que “agrada o coração, confunde a mente e desafia a alma – não menos do que isso”.
11 – Para colocar os pés em Harar, a 4ª cidade sagrada do islamismo, que fica justamente no leste da Etiópia. Segundo o mesmo Lonely Planet a arquitetura, os habitantes e as ruas de Harar fazem você se sentir “como se estivesse flutuando em outro tempo e espaço”.
12 – Para ver homens (e turistas) alimentando hienas todas as noites em Harar – e isso não é apenas showzinho para gringos, é tradição local mesmo.
13 – Para beber o café que é considerado o melhor do mundo.
14 – Para conhecer o deserto Danakil, um lugar que alcança 100 metros abaixo do nível do mar, tem vulcões e temperatura média anual que varia de 25ºC a 48ºC. Não é por nada que a National Geographic chama o Danakil de “o lugar mais cruel da Terra”.
15 – Para ver de perto a região da fenda de Afar, onde cientistas dizem que, um dia, vai nascer um novo mar, maior do que o Mar Vermelho.
16 – Para avistar (de longe) o Erta Ale, um vulcão porreta.
17 – Para tentar imaginar como é que o povo afar consegue viver há séculos na região que inclui as 3 atrações acima.
18 – Para fazer um trekking delícia pelo Parque Nacional das Montanhas Simien, a paisagem feia das fotos abaixo.
19 – Para fazer um tour pelo rio Omo, um dos mais importantes da África, conhecendo os povos diferentes que vivem por lá, cada um com suas tradições diferentes.
20 – Para tentar encontrar estes caras incríveis aqui embaixo, fotografados por Hans Silvester há muito tempo e colocados num livro maravilhoso.
Entendeu por que as pessoas fazem turismo na Etiópia?
Comentários
Era bem disso que eu estava reclamando… A Etiopia deve ser um lugar incrivel e no Brasil è vista (e me atrevo a dizer: condenada) com uma interrogaçao maiuscula.
Aqui na Italia, ela faz parte de catalogos de agencias de viagem, http://www.kel12.com/Itinerari.aspx?IdNazione=32 ou de cursos de fotografia em viagens http://www.vittorebuzzi.it/viaggi/etiopia.htm
Jà tenho um roteirinho pronto na manga, me falta $ò tempo…
Bjs
Pedindo permissão para ser chato! 😛
Faz fronteira com a Somália *e* com a Somaliland: http://en.wikipedia.org/wiki/Somaliland
(Sei que você não deve ter colocado pois não é um país reconhecido internacionalmente, mas eles funcionam totalmente a parte do caos da Somália, então merecem uma nota)
Pois é, Ricardo, Somaliland é aquela coisa controversa, então preferi seguir o Wikipedia, que coloca apenas Somália. Mas valeu pelo comentário. Ele dá uma dica para o pessoal que não sabe da existência da questão. =)
Oi Gabriel, quando vc escreveu aquele post sobre Omo, pensei que fosse um sinal e pesquisei os preços das passagens para janeiro…infelizmente, os preços ja estavam muito caros e eu e o meu marido acabamos desistindo. Na epoca, descobrimos que a Highland estava com um tour muito bacana para la para janeiro, com o plus de assistir festividades nas igrejas, mas infelizmente muito caro. Ficamos com o maior gostinho!
Este post seu está excelente, como sempre, assim que tiver uma folguinha vou confrontar lugares citados ai no post que eu não conhecia com o lonely planet da Etiopia.
Aproveito a oportunidade de sugerir nestas series “por que para la” que tanto prezo umas linhas sobre a melhor epoca para ir. E sem querer abusar, quando vc verificar que o pais tem boas conexões de voo, as companhias areas que os brasileiros poderiam utilizar para ir para lá.
Gosto de ler/viajar para lugares mais desconhecidos por serem muito ou mais interessantes do que lugares de capa das revistas de turismo, sem contar que são muitos vezes mais baratos. E fico realmente animada em conhecer estes lugares menos conhecidos quando descubro que companhias areas reconhecidas mundialmente fazem pouso lá.
Minha irmã é geógrafa e participou de um congresso na Etiópia. A surpresa dela foi grande e muito positiva. Ela adorou o país!
Caramba, Gabriel… Apaixonei pelo “Por que pra lá”..
Tenho um casal de amigos na Etiópia e já queria visita-los, agora então, empolguei. E eu tenho um motivo que você não colocou aqui! 😉 Quando fui pra Tanzânia, tive a oportunidade de comer em um restaurante etíope e achei a comida muito interessante! Como adoro conhecer a culinária dos lugares, pra mim esse era um dos motivos! Agora depois do seu blog, tenho vários! Parabéns! MUITO legal mesmo!
Olá adorei seu blog,também tenho paixão pela Etiópia,visita o meu!
Abraços!
http://pambressan.blogspot.com.br/
Gabriel,
Estou querendo ir para a Etiopia, voce contratou um guia local ? Sabe como consigo um ?? Eu vou viajar sozinho, por isso acho importante ter um guia, alguma dica ??
Oi, Caio.
Infelizmente, ainda não fui para a Etiópia (leia isso para entender: https://sundaycooks.com/sobre-blog/)
Porém, fiz contato recentemente com uma empresa de lá e talvez eles possa ajudar você. O site é esse: http://www.ethiopianquadrants.com/
Boa sorte e boa viagem!
To pirando no seu blog, trabalho de gênio! E o que você postou sobre a Etiopia deu até um arrepio, do tipo “tenho que ir nesse momento, tchau”. Parabéns!
Gabriel, por gentileza não incluir na mesma frase uma expressão chula e um símbolo religioso em referência. Seria sinal de respeito. Obrigada.
Obrigado pela dica, Ana! =)
Gabriel: Ótimo trabalho, mas merece uma pequena correção. A Arca da Aliança, que continha as Tábuas da Lei era o veículo de transporte das Tábuas da Lei na longa caminhada do Povo Judeu em sua libertação do Egito a Caminho de Israel, a Terra Prometida.
As Tábuas da Lei foram entregues por D-us a Moisés no Monte Sinai, quando os Judeus saíram do Egito. Constitui um dos pilares do Judaísmo, representado em absolutamente TODAS as Sinagogas do mundo. Os mandamentos foram apropriados (corretamente) pela maioria das religiões do mundo e incorpotado, entre boutras religiões, ao Cristianismo. Mas o símbolo é – primordialmente – uma herança Judaica. No mais, ótimo teu artigo!
Muito obrigado pelas informações, Marcos! Ficou melhor ainda! Vou acrescentar ao texto, assim que tiver um tempo. =) Abraço!