Países terminados em “istão” têm um ar misterioso para os ocidentais.
Paquistão, Afeganistão, Cazaquistão e todos os outros sempre parecem ser estranhos e absurdamente distantes das nossas vidinhas. E o que dizer de um país terminado em “istão” completamente cercado por outros “istões”?
Esse é o Uzbequistão.
O país dos uzbeques (escrito Z ou com S, depende da sua fonte de pesquisa) faz fronteira com Afeganistão, Tajiquistão, Quirguistão, Casaquistão e Turcomenistão e tem 27 milhões de habitantes que se espalham por uma área um pouco menor do que a Bahia – com a enorme desvantagem de só ter praias no Mar de Aral.
O significado do nome do país é irônico para uma região que foi dominada por britânicos, persas, hunos, árabes, tártaros e outros, além de Alexandre (O Grande), Gêngis Khan e, por último, os bolcheviques russos: “uzbeque” quer dizer “dono de si”, ou “independente”. Logo, Uzbequistão pode ser traduzido como “o país dos independentes”.
Mas por que passar as férias nesse lugar?
1 – Para conhecer uma região que, de tão bonita, geograficamente estratégica e cheia de riquezas, já foi disputada por todos os povos que eu citei ali em cima.
2 – Porque o Uzbequistão tem 4 patrimônios da humanidade, segundo a Unesco: o centro histórico de Bukhara, o centro histórico de Shakhrisabz, a cidade de Itchan Kala e a cidade de Samarcanda.
3 – Porque o Lonely Planet diz que, “se houvesse um Hall da Fama das cidades da Ásia Central, o Uzbequistão teria os 3 primeiros lugares”, com Samarcanda, Bukhara e Khiva.
4 – Para conhecer o Mar de Aral, entre o Uzbequistão e o Casaquistão, antes que ele suma (na foto abaixo, a diferença dele em 1989 e 2008).
5 – Para fotografar um cemitério de barcos a quilômetros do Mar de Aral (que encalharam porque o mar secou).
6 – Para conhecer a capital Tashkent, a maior da Ásia Central. Tashkent foi quase totalmente destruída por um terremoto em 1966 e reconstruída logo depois com padrões arquitetônicos soviéticos. Hoje o lado novo, com sua imponência e monumentos comunistas, contrasta com o lado pobre, com casas de barro e os poucos prédios antigos que restaram em pé.
7 – Para conhecer a vida noturna de Tashkent, considerada a melhor do mundo islâmico a leste de Beirute.
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8 – Para conhecer o metrô de Tashkent, um dos mais cheios de frufrus do mundo, naquele estilo metrô de Moscou.
9 – Para conhecer o Chorsu Bazaar, perto da Kukeltash.
10 – Para ver de perto o azul da água do Lago Charvak, na província de Tashkent.
11 – Para conhecer a mesquita Khast Imam, onde está o corão de Uthman, considerado o mais antigo manuscrito do corão do mundo.
12 – Para conhecer Samarcanda, uma das cidades mais antigas do mundo, fundada em 700 a.C. e ponto importantíssimo da Rota da Seda, entre o Oriente e a Europa. Imagine a quantidade de gente diferente que já passou por lá e o que cada um contribuiu para a história/arquitetura da cidade.
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13 – Porque eu desisti de colocar todos os mausoléus, mesquitas e madrasas que encontrei nas pesquisas sobre o país. É muita coisa linda. Dá uma olhadinha no Flickr para ter uma ideia da quantidade de prédios maravilhosos. E depois, chora.
14 – Para voar de Uzbequistan Airways, também conhecida como O‛zbekiston havo yo‛llari, em uzbeque, a companhia aérea que deseja “boa sorte” aos seus passageiros em seus anúncios.
15 – Para conhecer um país que se orgulha de ter o “turismo dentário” entre suas atrações. Sim, tá lá no verbete Tourism in Uzbekistan, na Wikipedia.
16 – Para encher o bucho de pão, porque o alimento está presente em 100% das refeições uzbeques e nenhum anfitrião deixa o convidado ir embora sem um pedaço.
17 – Para prestigiar um país que, desde 1994, vem mudando o seu alfabeto do cirílico para o latino, só para que você, ocidental, consiga ler os nomes das ruas.
E para terminar com chave de ouro:
18 – Para ver o inacreditável: bancos funcionando aos sábados.
O Uzbequistão talvez seja realmente estranho e distante das nossas vidinhas, como os países terminados em “istão”. Mas é lindão.
Comentários
olá Gabriel! eu estive no Uzbequistão em 2010. Foi uma viagem incrivel, eu fiz a rota da seda saindo de Beijing, passando por Xian e muitas outras na china, entrando no Kirguistão e Uzbequistão. Todos os lugares tinham algo muito interessante para ver. E Khiva foi a cidade q mais me impressionou, pois realmente está muito bem conservada e parece ter parado no tempo. Foi uma viagem que provou nossa capacidade de lidar com desconforto, pois tivemos dias peculiares! Passamos por zonas de desertos por horas, nao foi facil!
E Uzbequistao Airlaines é realmente de testar seus nervos…
O lugar é lindo! mas os trajetos entre as cidades sao penosos! 4, 5 horas de deserto nao sao pra qualquer um… Eu recomendo, vale a pena, mas há que se entender que o turismo esta em desenvolvimento, a estrutura está se preparando. Viajei com um grupo de canadenses e australianos, que sao super descolados, (topam tudo) e até eles se sentiram meio perdidos ou exaustos em certos momentos devido ao estranhamento com a paisagem. Depois de dias de desertos, ver o verde ou o azul é um alivio! Se quiser conto mais detalhes!
Que legal, Andrea! Obrigado pelo relato! Um dia irei para lá, então vou te procurar. =)
Muito, muito bom!!! Como não sentir vontade de visitar um lugar tão encantadoramente exótico.Quero ir, ainda vou. Parabéns Gabriel.
Gabriel parabéns pelo seu Blog. Fui para o Uzbekistão ano retrasado caso queira alguma dica me dá um toque. Tenho um blog http://www.naestrada.webs.com
abraço
Sou o maior turista virtual adoro ver as belezas e costumes de seu povo e se algum dia tiver din din de sobra serei um turista inveterado