“Você me levou para ver o mar pela primeira vez quando eu tinha dezoito anos”.
Sempre soube que essa seria a primeira frase dos meus votos pra você, se a vida fosse uma daquelas cenas hollywoodianas ou se fosse um feed combinado de Instagram. Nunca sonhei em casar. Branco. Noivinhos. Marcha nupcial. Essas coisas não fazem muito meu gênero, mas bem-casados, sim!
Esses dias abri um HD empoeirados de arquivos antigos e encontrei os álbuns da nossa primeira viagem internacional juntos: Londres e Paris. Eu estava tão magrinha pós-dengue. Você se lembra de ter sido o primeiro caso diagnosticado da doença em Valinhos? Até foi capa do jornal da cidade.
A Ibéria fez questão de perder nossas malas e, sem roupas limpas e com os cabelos despenteados, você me pediu em casamento no restaurante de um Ibis num bairro afastado de Londres. Até hoje me lembro de ter pedido um tipo de tender com ovo e salada.
Gente! Quem pede ovo frito sem pentear o cabelo há uma semana e, logo em seguida, é pedida em casamento?
Por falar em fotos, ando nostálgica. Esses dias encontrei aquela que tiramos, ao lado da nossa amiga de faculdade, com cara de choro logo que chegamos em Machu Picchu. Os olhos e o narizes avermelhados não nos deixavam negar que a tão falada “energia especial” daquele lugar realmente parecia existir.
O dia que entramos numa festa errada em Santiago. O dia que você tentou explicar para um alemão que a cerveja era pra mim e não pra você. O dia que eu tive aquela crise de riso em Ávila. O dia que descobrimos porquê a Floresta Negra realmente leva esse nome. O dia que…
E como quem está aprendendo a esquiar – você, pista vermelha, eu, pista verde – outro dia me peguei dirigindo na chuva e lembrando da noite que chegamos em Piran. Chovia horrores, a gente não parava de discutir – você, russo, eu, chinês – e a moça do hotel batendo no vidro nos chamando para fazer o check-in. Ainda bem que o sol abriu na manhã seguinte, mal sabíamos que aquele seria o dia do impeachment da Dilma.
Depois veio a Itália e será que nos deliciamos tanto com a comida por que, no fundo no fundo, já sabíamos que aquele era o único prazer que realmente nos restava? Você, marguerita, eu, calabresa.
A vida tem dessas coisas, meio capítulo de Grey’s Anatomy, meio alguma aventura do Antony Bourdain. Às vezes ela é apenas uma mala surrada. Às vezes um passaporte cheio de páginas em branco.
Eu li seu texto com os olhos marejados – não acredito que essa seja a intenção. Mas de uma forma que não sei explicar, lembranças assim vem com um ar de melancolia que me massacra a alma.
Adorei! <3
Obrigada pelo comentário, Mô <3
Você Rimowa, eu Batiki…
Quantas historias essas fotos e hds não guardam, né?
E como a Mô disse, a leitura de olhos marejados e de sentimentos de melancolia parece ser obrigatória 😶
Que texto lindo, Natie!
Também me emocionei, Nat! Que bom que você postou. Continue!
Obrigada, Camila <3
Vocês me inspiram a seguir caminhando
Achei esse texto lindo desde a primeira que ouvi alguns trechos dele… Vim aqui para ler na íntegra. Maravilhoso!
Obrigada pelo comentário, Cláudio 🙂