Quando cheguei ao Peru nesta última vez, me apresentaram a Fortaleza de Kuelap, na Amazônia norte do país, como sendo a segunda Machu Picchu. Chegaram a dizer até que ela seria ainda mais bonita. Como assim? Uma outra ruína conparável à cidade Inca? Eu e a Natalie já tivemos de deixar Kuelap de lado quando fomos a Trujillo e Chiclayo, pois não teríamos tempo suficiente. Portanto, dá para imaginar toda a minha expectativa, não é? Ainda mais depois de passar pelas incríveis Cataratas de Gocta logo no início da viagem 😀
Os Chachapoyas e a Fortaleza de Kuelap
Antes de começarmos, deixe-me dizer que Kuelap foi construída pelos Chachapoyas, a civilização que dominou a região por muito tempo, antes mesmo dos Incas chegarem por ali. Sua área murada é realmente grande e chegar até lá é uma aventura, tanto pelas estradas, quanto pelos 2,5 km de caminhada morro acima. Talvez daí venha boa parte das comparações com Machu Picchu 😛 Para conhecer um pouquinho mais sobre essa civilização, não deixe de ler esse post:
Roteiro de viagem aprovado pelo Sundaycooks
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Norte do Peru: entendendo a civilização Chachapoya
Os Chachapoyas tinham uma divisão política menos centralizada que a Inca, o que permitiu que cidades de mais de 10.000 pessoas se desenvolvessem de forma mais independente umas das outras, fato que se comprova nas diferentes ruínas e sarcófagos encontrados pelo norte do Peru como em Karajía e Revash. Infelizmente, tudo é especulação, pois muito de sua história se perdeu com o tempo e com o domínio de outras civilizações.
Por falar nisso, estima-se que os Chachapoyas tenham ocupado essa região montanhosa da amazônia peruana do século 5 ao 15. Sua decadência começou quando os Incas chegaram ali em meados de 1400. Mais tarde, no meio do século 16, os espanhóis descobrem Kuelap e dizimam tudo e todos que estavam nas imediações, fato que é comprovado pelo número de ossadas encontradas no século 19 dentro da fortaleza.
Apesar do nome, a Fortaleza de Kuelap não era um local de uso militar, por assim dizer. Segundo os historiadores e o pouco que se sabe sobre a civilização Chachapoya, Kuelap era usada para guardar mantimentos que, claro, precisavam ficar protegidos de animais, insetos e outros povos. Por isso estima-se que, pelo número de ruínas de casas encontradas em seu interior (450 no total), pelo menos 2500 pessoas viviam ali.
No topo dos mais de 3000m de altitude da amazônia peruana, Kuelap foi construída ao longo dos quase 1000 anos em que os Chachapoyas viveram por ali. De pedra em pedra, coladas com barro e areia, suas grandes muralhas foram sendo erguidas, como forma de pagamento de tributos, por representantes de cada cidade da região que dependia da fortaleza.
Nem todos conseguiram terminar seus muros. Talvez porque tenham desmoronado com o tempo, talvez porque a civilização não tenha durado o suficiente. Por isso é possível ver diversos deles abandonados ao longo do caminho entre a base do parque e a fortaleza.
Os estudos também mostram que Kuelap foi reconstruída de quatro a cinco vezes durante esse período, provavelmente por causa dos terremotos constantes no país.
Norte do Peru: entendendo a civilização Chachapoya
Amazônia Peruana: Cataratas de Gocta
Kuelap é mais bonita que Machu Picchu?
Essa pergunta eu deixarei para vocês responderem 😛
Vejam o vídeo abaixo, onde eu mostro Kuelap e falo um pouco mais sobre a fortaleza. Vocês concordam que ela é a segunda Machu Picchu? Ah, e não deixem de assinar o canal, vem muito vídeo bacana por aí 🙂
Melhor época para visitar Kuelap
Os meses de maio a outubro são os melhores para visitar Kuelap e toda a região da amazônia peruana, pois são os mais secos do ano. Nosso guia disse que Maio é o mais bonito devido às flores da estação.
A chuva é realmente o que pode mais atrapalhar esse passeio, mas tirando isso, você dificilmente encontrará muita gente por lá, já que a média de visitantes é de 100 pessoas por dia. O tour no total dura em torno de três horas, pois há uma subida bem longa e na altitude até a fortaleza.
O teleférico de Kuelap
O governo do Peru está construindo um teleférico encurtará o tempo de chegada até a base das ruínas, já que hoje é preciso contornar várias montanhas antes de finalmente chegar até ela.
Já era possível ver os locais onde serão construídas as torres, mas acho difícil que o teleférico de Kuelap esteja pronto até junho de 2016 como anunciado. De toda maneira, será um passeio com uma das mais belas vistas do país 🙂
Curiosidades sobre Kuelap
As muralhas são enormes, mas elas não foram construídas de uma vez daquela altura. Elas eram levantadas aos poucos, andar por andar, sendo o de baixo preenchido de terra e pedra para a construção do superior.
Há aproximadamente 450 casas em Kuelap, a maioria delas construída de forma semelhante, isto é, redondas, com algumas janelas, teto de palha e um lugarzinho para criar cuys (o porquinho da índia peruano). Viviam ali famílias de 5 pessoas aproximadamente. Seu tamanho? Não muito diferente das kitinetes de São Paulo ou Rio de Janeiro >.<
Segundo nosso guia, sempre que você encontrar nas montanhas alguma terraça, perto dela deve haver alguma ruína chachapoya. Ele disse até que, se você olhar bem pelo Google Earth, é possível encontrá-las. Eu, infelizmente, não consegui :/
As paredes eram utilizadas como cemitério também, já que muitas ossadas foram descobertas dentro delas. Muitas foram saqueadas, mas nunca se encontrou nada de valor enterrado por lá.
Como chegar em Kuelap?
A melhor maneira de chegar até a Fortaleza de Kuelap é a partir da cidade de Chachapoyas (nome sugestivo, não? 😛). A cidade é pequena e bem charmosa com seus mais de 2000 balcões, uma característica da arquitetura local.
Nós ficamos hospedados no La Xalca Hotel, um dos melhores da cidade. Ele fica num casario antigo e tem um ambiente legal, mas não espere grandes luxos nos quartos. A localização é bem próxima da rua principal da cidade, onde estão os bares, lojas e restaurantes.
Ofertas de hotéis em Chachapoyas
Essa região do Peru é bem complicada logisticamente, por isso eu vou fazer um post bem legal mostrando a melhor maneira de conhecer a civilização Chachapoya e ainda conhecer Trujillo e Chiclayo.
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O Sundaycooks viajou para a convite da Promperu e da Tam.