Cerveja e Bélgica quase se confundem no imaginário turístico popular. É praticamente impossível pensar numa sem lembrar da outra, afinal os belgas fabricam algumas das melhores variações da bebida, com marcas que fazem sucesso no mundo inteiro, todas com qualidade nas alturas.
A cerveja na Bélgica: tradição e muito lúpulo
É engraçado pensar que a cerveja ganhou força na Bélgica apenas porque o país não era um bom lugar para fabricar vinhos e porque ela era a alternativa segura à água pura – completamente insalubre naqueles tempos de Idade Média.
No início, apenas os monges tinham autorização para fabricar e vender o produto, levantando um dinheirinho para o sustento de suas abadias ao mesmo tempo em que se protegiam das ameaças que vinham junto com cada copo d’água.
A cerveja daquela época ainda era feita com uma mistura de ervas, chamada de Gruit. Depois, o lúpulo se espalhou e virou o ingrediente principal (e até obrigatório), mas algumas abadias puderam seguir com suas cervejas de sabores diferentes e mantiveram a tradição que hoje é uma das características mais marcantes da bebida do país.
Os métodos de fabricação foram melhorando com o tempo e a cerveja belga foi ganhando importância na Europa, sempre inventando tipos diferentes. Então veio a Primeira Guerra Mundial e quase tudo foi pelo ralo.
Metade das mais de 3 mil cervejarias belgas na época foram fechadas. Quando o conflito acabou, veio a crise dos anos 1930 e, logo depois, a Segunda Guerra Mundial. Em 1946, eram menos de 800 cervejarias no país.
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O cenário só voltou a melhorar nos anos 1960 e ganhou um impulso enorme no fim dos 1970, quando a cerveja belga foi redescoberta pelos ingleses e passou a ser famosa no mundo inteiro.
O número de cervejarias de hoje não chega aos pés daquele de antes da Segunda Guerra (são pouco mais de 200), mas a qualidade de cada uma delas faz a diferença e os cervejeiros de todos os cantos do planeta continuam se deliciando com o enorme menu de variedades belgas, que inclui as witbier, as trapistas, as saison, as lambics, as flanders red ale e oud bruin, as belgian pale ale, strong golden ale e as bière brut, apenas para citar alguns tipos mais famosos.
A força é tanta que, em 2016, a Unesco transformou a Cultura Cervejeira da Bélgica em Patrimônio Imaterial da Humanidade. Nada mal para quem só entrou nessa porque queria evitar algumas doenças brabas, há mil anos.