Chan Chan: a cidade perdida dos Chimus no norte do Peru

Quando o Zeca Camargo (é, pois é) começou sua viagem de volta ao mundo pelos Patrimônios da Humanidade Ameaçados da UNESCO, Chan Chan, uma cidade pré-inca inteiramente construída de barro no norte do Peru, me chamou a atenção. Passei, então, muito tempo pensando nesse sítio arqueológico e fiz a promessa de que um dia ainda o visitaria. Apesar de não ser tão impactante quanto a chegada a Machu Picchu, foi bacana poder realizar esse sonho e conhecer um patrimônio tão importante e pouco explorado.

Chan Chan: A cidade de barro

Chan Chan, a capital do povo Chimu, até hoje guarda o título de “maior cidade de barro da América pré-hispânica”, pois calcula-se que mais de 100 mil pessoas habitavam a região. Infelizmente, devido à ação do clima e falta de preservação, este patrimônio está ameaçado.

Considerada Patrimônio da Humanidade ameaçado desde 1986, Chan Chan originalmente tinha uma área de 22 km2 de extensão, porém apenas 14 km2 estão sob proteção e muito menos que isso está sendo restaurado. Todo o resto foi tomado pela agricultura e pelas estradas (a rodovia que leva à Chan Chan passa bem no meio dela).

O sítio arqueológico vive em constante processo de reconstrução e restauro, mas, por ficar muito próximo à costa do Peru, o complexo sofre diariamente com os efeitos das correntes de vento que chegam pelo Pacífico e pelas chuvas trazidas pelo El Niño. É um grande desafio tentar preservar tamanha área construída apenas com barro, sempre tão exposta aos fatores externos.

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Chan Chan e os Chimus

Para entender um pouco sobre o contexto dessa civilização que impressionou até mesmo os Incas, é importante lembrar que os Chimus surgiram depois dos problemas enfrentados pelos Moches como explicamos nos posts sobre o Complexo El Brujo e a Senhor de Cao e sobre as Huacas de Trujillo.

De 900 d.c até meados de 1470, Chan Chan foi a capital e centro de operação da elite governamental do povo Chimu, servindo tanto como um palácio quanto um templo. Por essas características, a cidade de barro era também um ponto de encontro e peregrinação religiosa onde tanto os peregrinos quanto os chefes de outras cidades vinham trazer suas propinas para o governante local.

Ao caminhar por entre seus corredores, fique atendo aos símbolos que representam a terra, a água e o ar que estão por toda a parte. Você encontrará paredes com desenhos de esquilos representando a terra, peixes representando a água e aves marinhas representando o ar – numa demonstração de consciência do meio ambiente -, além de grandes trechos esculpidos em forma de um X, representando as redes de pesca e mostrando como os Chimus eram ligados ao mar, uma de suas grandes divindades.

Chan Chan é certamente uma das grandes razões para incluir Trujillo e o norte do Peru no seu roteiro de viagem, principalmente se você gosta de história, arqueologia e programas ao estilo NatGeo. A cidade de barro, sem dúvida, vai ficar na memória.

Como chegar a Chan Chan

Uma vez em Trujillo, você pode chegar em Chan Chan de ônibus, táxi, excursão ou tour privado. Como há muita história no local, e quase nenhuma placa explicativa, minha sugestão é que você faça um tour guiado (seja privado ou em grupo) para poder entender como a cidade funcionava.

Se ainda assim você preferir ir de táxi, combine com o taxista de forma que ele fique te esperando, pois não há muitos deles passando por lá sem passageiros. Eu também não vi nenhum guia disponível na entrada do local como acontece com Machu Picchu. Se estiver numa vibe muito India Jones, pode tentar ir de ônibus local, mas eu não recomendaria essa opção.

O Sundaycooks fez o tour guiado por Chan Chan com o apoio da Fabulous Peru Tours.