Mais uma participação especial da dona Sônia aqui no blog. Desta vez ela vem nos contar qual seria o roteiro ideal por Inhotim, visitando com calma suas obras favoritas por dois dias.
Aproveitando nosso passeio por Minas Gerais, com base em Belo Horizonte, não podemos deixar de fazer uma visita ao Inhotim, este importante Museu de Arte Contemporânea.
Inhotim
Alguns especialistas em arte contemporânea dizem que não se deve explicar a arte contemporânea, deve-se senti-la e vivenciá-la. Foi com esse pensamento que Inhotim nasceu. Hoje, o museu cresceu tanto que são necessários dois dias para poder aproveitá-lo por completo 🙂
Não existe uma ordem correta para visitar Inhotim. Tudo que eu posso fazer é dizer como eu preferi conhecer o museu, suas obras e instalações para que você possa tirar suas próprias conclusões 😉
1o. Dia
Chegando a Inhotim , passe pela portaria e siga a trilha até o primeiro lago, pense nesse lago como o centro, ou a base do seu caminhar. Inicie seu passeio pelo lado direito, caminhe até uma das obras mais distantes, o Sonic Pavillion, de Doug Aitken. Este é, para mim, um dos pontos altos de Inhotim. Nessa instalação você terá acesso aos sons da terra e perceberás que a terra pulsa.
Continuando com a sua caminhada, você deverá ver a instalação de Matthew Barney, uma escultura instalada dentro de grandes domos geodésicos, circundada por uma floresta. Segundo o próprio Inhotim, o artista “construiu uma complexa narrativa sobre o conflito entre Ogum, senhor orixá do ferro, da guerra e da tecnologia e Ossanha, o orixá das florestas, das plantas e das forças da natureza.”
Seguindo pouco mais, você vai se deparar com uma das instalações, que na minha opinião, é a mais chocante. Uma série de fotografias de Miguel Rio Branco. Impressionante.
Depois disso, sinta a tranquilidade do lago. Ali do outro lado está uma instalação chamada True Rouge, do Tunga. Entre, caminhe, qual será sua interpretação?
Ao sair, não se deixe levar pelos aromas da pequena cantina que tem ao lado. Se já estiver perto da hora do almoço, não resista, volte mais um pouco e aproveite outro dos prazeres de Inhotim e faça uma refeição no Restaurante Tamboril. Isso lhe dará força para o segundo tempo 🙂
Comece essa nova etapa, visitando as instalações do famoso Cildo Meireles. Espero que você goste tanto quanto eu da obra Através. Visite também Desvio para o vermelho e Glove Trotter.
A próxima parada será na instalação sonora de Janet Cardiff, Forty Part Motet, uma beleza para os ouvidos. Caminhe pelo círculo de autofalantes e se deixe levar pela música.
O dia está terminando. Você deve deixar as instalações até as 16h30. Voltaremos amanhã, certo?
2o. Dia
Hoje o dia começa pelo lado esquerdo da portaria. Passe pelas instalações do Cildo Meireles novamente. Se você, como eu, gostou bastante do Através, utilize a instalação para cortar caminho e aproveite para apreciá-la novamente. Suba, então, até o segundo ponto mais alto de Inhotim.
Lá no alto, você encontrará duas instalações importantes: primeiro a Beam Drop, de Chris Burden, com suas estacas de aço jogadas em concreto, depois uma obra de Carlos Garaicoa, Ahora Juguemos a Desaparecer. Esta instalação é toda composta por velas produzidas em Inhotim e trocadas assim que perdem as formas. A cada visita você verá a obra de arte em um estágio diferente, numa interessante proposta.
Caminhando um pouco pelo lado direito verá a instalação sonora de Janet Cardiff & George Bures Miller, The murder of Crows, um ponto para descansar e ouvir a história sofrida.
Para quem gosta de plantas, mais a frente é possível conhecer o trabalho de botânica de Inhotim e conhecer inúmeras plantas que fizeram ou fazem parte do cotidiano da vida no interior do Brasil como ervas que muito auxiliaram aqueles que ficavam distantes da medicina tradicional, assim como ervas muito utilizadas na culinária popular.
Volte uma parte do caminho até o Beam Drop e siga para o lado esquerdo, até encontrar a Cosmococa de Helio Oiticica e Neville de Almeida. E aí, gostou? Muito interativo, não é?
Continuando, encontrará a obra Linda do Rosário, da artista Adriana Varejão, uma das maiores instalações do Inhotim. Os trabalhos de Varejão estão divididos em três pavimentos. No primeiro, temos o famoso Linda do Rosário, instalação muito interessante. No segundo, temos o Celacanto Provoca Maremoto, inspirada na azulejaria portuguesa, e Carnívoras. No terceiro pavimento, temos os Passarinhos de Inhotim, perceba que alguns estão bem esmaecidos. Qual será o motivo?
Continue caminho em direção à portaria, e observe a construção que sobreviveu ao que era a antiga fazenda que deu origem a Inhotim: uma pequena casa de fazenda. Hoje toda caiada, é a instalação da brasileira Rivane Neuenschwader, chamada Continente/Nuvem, com lindas bolinhas de isopor que são movimentadas pelo teto.
O dia já deve estar quase terminando, hora de ver mais duas belas instalações: Abre a Porta e Rodoviária de Brumadinho, dos artistas John Ahearn e Rigoberto Torres. Lindos trabalhos em homenagem ao povo local.
E, finalmente, conheça a instalação de Lygia Pape, intitulada Ttéia 1C. Lygia é considerada uma das principais vozes das artes no Brasil da segunda metade do século 20. Essa instalação faz um jogo de luz e sombra com fios metalizados, quase como um descanso para os olhos depois de tantas informações.
E assim termino minha sugestão de roteiro pelo museu.
Dicas para visitar Inhotim
- Use sapatos e roupas confortáveis, você irá caminhar bastante.
- Não se esqueça do protetor solar.
- Se não gosta muito de sol, evite ir no verão, pois as caminhadas poderão se tornam mais desconfortáveis.
- Use os carrinhos (pagos à parte) caso você esteja cansado.
- Se você tem dificuldades muito sérias de locomoção, Inhotim disponibiliza, por curtos períodos de tempo, um transporte especial. Basta solicitá-lo na portaria a partir das 10h.
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Inhotim
Endereço:
Rua B, 20
Inhotim, Brumadinho
Horário:
Terça a Sexta: 9h30 às 16h30
Sábado, domingo e feriados: 9h30 às 17h30
Ingressos:
Terça: Grátis
Quarta e Quinta: R$ 20,00
Sexta, Sábado, Domingo e feriados: R$ 28,00
Meia-entrada: maiores de 60 anos, crianças entre 6 e 12 anos e estudantes. Funcionários da Vale também pagam meia-entrada mediante apresentação do crachá da empresa.
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Como chegar a Inhotim
Traslado pela empresa Saritur:
Saída Rodoviária de Belo Horizonte (plataforma F2)
Terça a Sexta: saída às 9h15 / retorno às 16h30
Finais de semana e feriados: saída às 9h15 / retorno às 17h00
Telefone: +55 (31) 3419-1800
Carro:
O caminho é bem sinalizado e você deve pegar as rodovias BR 381 e MG 155 em direção a Brumadinho.
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Para completar ainda mais a sua experiência antes de conhecer Inhotim, veja também a série de posts e dicas sobre o museu no Viaje na Viagem e no Matraqueando.
Inhotim possui muitos caminhos, espero que você encontre o seu 🙂
Quem sabe você não deixa um comentário e nos ajuda a construir um novo?
Clique aqui para conferir todas as nossas dicas e roteiros de Belo Horizonte \o/
Visitei Inhotim em setembro de 2018, em dois dias, e pude conhecer tudo, porém elaborei um roteiro a um amigo, que só dispunha de um dia, escolhendo aquilo que eu mais gostei. Segue:
Compre o direito de andar no carrinho elétrico.
Leve água e lanchinhos para segurar a fome e passe filtro solar.
Siga direto até pegar o carrinho pelo eixo rosa. Aprecie as estátuas de bronze de Edgard de Souza (A16), depois suba de carrinho até o G10 (Doug Aitken). Tire foto, curta a vibe.
Desça e vá até G12 (Matthew Barney), que eu não conheci por estar em manutenção, mas dizem que é fantástico. O resto do eixo rosa é dispensável. Não perca tempo em mais nada lá.
Descendo, pegue o carrinho e, já no eixo amarelo, conheça G1 (Galeria Mata) e G2 (Galeria True Rouge). Também dá para tirar fotos lindas do lago. Caminhando de volta pelo eixo amarelo você verá uma muitas espécies de plantas (jardim botânico).
Continue nas galerias G5 (Cildo Meireles) e G4 (Galeria Fonte).
Pule para o eixo laranja e vá subindo de carrinho até a obra de Chris Burden (A20). No caminho vc verá a obra de Giuseppe Penone (A21). De resto, nenhuma galeria lá de cima presta. Se quiser, antes de descer, refresque-se na obra de Jorge Macchi, mas precisa levar roupa de banho (há vestiários perto).
Desça e vá para o G7 (Adriana Varejão). A galeria é FODÁSTICA. Por dentro e por fora. Tire várias fotos. As demais galerias do laranja também não valem a pena.
Volte para a Galeria Praça (G3), já no eixo amarelo, para ver (na verdade ouvir) a obra de Janet Cardiff. Eu passaria horas lá ouvindo. Nesta galeria também devem estar os fuscas de Jarbas Lopes e a obra Rodoviária (as quais rendem muitas fotos).
Terminando o passeio, tire fotos no lago, perto da saída, e curta as obras de Hélio Oiticica (A12) e Yayoi Kusama (A17). Almoce no Restaurante Oiticica, ainda que seja tarde. Se quiser gastar mais no Restaurante Tamboril, que é uma delícia, antes de ir embora, há como tirar fotos do lago próximo à obra de Zhang Huan (A11).
Embora haja outras galerias não mencionadas e outros circuitos não citados, que tá acima é realmente o que eu considero o filé.
Que roteiro incrível, Thiago!
Obrigada por compartilhar sua experiência por aqui 🙂