Para começar esta nova série do SundayTalk, entrevistamos o Stefano Barbini, ex-CEO da grife Escada na Itália e França e atual dono do San Lorenzo Mountain Lodge nas Dolomitas, durante sua última passagem por São Paulo.
Stefano e sua mulher Georgia Brioni viveram muitos anos no meio fashion, mas resolveram trocar essa vida agitada pela tranquilidade de morar com a família em sua casa de veraneio nas Dolomitas. Desse novo estilo de vida, nasceu um luxuoso lodge voltado às experiências e ao contato mais próximo com seus hóspedes.
Como foi essa transformação do mundo da moda para o turismo? Quando você percebeu que era hora de deixar toda aquela agitação para seguir uma vida mais tranquila nas Dolomitas?
O mundo da moda é difícil e você não tem privacidade. Eu passava 4 dias em Paris e 3 dias em Roma, ficando mais em aeroportos que em casa com meus filhos. Em um determinado momento, decidimos que era hora de mudarmos nossas prioridades e corrermos atrás de nossa paixão: o turismo e a hospitalidade.
Criamos então o San Lorenzo Mountain, inspirado nos lodges de Botswana, onde são oferecidas, acima de tudo, experiências aos hóspedes e não apenas beleza ou artigos mais caros. E foi justamente essa atmosfera que criamos esse endereço no coração das Dolomitas.
Nós sempre acreditamos que deveríamos criar grandes experiências, do tipo que ficam na memória para sempre, pois esse é o verdadeiro luxo. Muitas vezes, as pessoas acabam achando que tudo que é caro é luxuoso, mas esquecem que ser capaz de utilizar seu próprio tempo do jeito que bem quiser é um grande prazer.
Alguns hóspedes já nos disseram que nosso lodge está além do luxo graças a esses momentos especiais que proporcionamos. Um produtor de TV, uma vez, foi até nossa casa e disse que a melhor sensação foi poder passar as férias todas de pijamas.
Sabemos que o atendimento é peça fundamental no turismo. Como você faz para ter um contato mais próximo com seus hóspedes?
Um dos pontos principais da nossa filosofia é que o dono têm de ser anfitrião, pois essa é a única maneira de se estar realmente próximo de seus clientes para entendê-los melhor, identificar seus anseios e expectativas. Quando se está atrás de funcionários, por melhores que sejam, você acaba perdendo essa dinâmica.
Normalmente sou eu que vou ao aeroporto buscar nossos hóspedes, mas somente depois de algum tempo, já no caminho, é que me apresento como dono do lodge. É interessante ver como eles se surpreendem, mudando toda a experiência que eles terão.
Como você pensa nessa experiência? E quais são os detalhes cruciais que transformam momentos em grandes memórias?
Dois casos muito interessantes aconteceram conosco. O primeiro foi quando um dos 40 mais ricos segundo a Forbes se hospedou em nosso lodge e descobriu que gostava de cortar madeira. E ele vez isso todo fim de tarde.
O segundo foi quando uma família de Londres foi passar as férias conosco. Num belo dia, meus filhos ensinaram às outras crianças como fazer manteiga. Imagine a alegria delas ao contarem a seus professores o que fizeram nas férias 🙂
Esse tipo de lembrança não tem preço e é por isso que nossos clientes dizem que estamos além do luxo.
Eu ouvi dizer que sua esposa cozinha para seus hóspedes. Como é essa experiência?
Alguns dos ingredientes que servimos vêm do nosso lodge, mas como ficamos no topo da montanha, não é possível plantar muitos deles, por isso temos o cuidado de comprar de produtores selecionados e das melhores regiões da Itália.
Desta forma nós conseguimos introduzir a verdadeira comida autêntica italiana para nossos hóspedes. Nosso parmesão, por exemplo, vem de pequenos produtores, o que nos permite servir um queijo de 16 meses de maturação.
Nós também permitimos que os hóspedes cozinhem conosco, mas normalmente eles ajudam um pouco, saem, bebem um vinho, depois voltam e ajudam mais um pouco. O interessante é que, assim que a comida está pronta, eles a servem com todo orgulho, como se tivessem feito tudo. Eles ficam felizes como crianças e é isso que importa para nós 🙂
Uma curiosidade: se algum dia você quiser testar um chef, peça para que ele faça uma pasta ao pomodoro, pois é nas coisas simples que se encontram as grandes dificuldades.
Saí da entrevista com vontade de rever os compromissos da minha agenda (e de cortar lenha :P).
Não sei se saí da entrevista com mais vontade de fazer manteiga ou de cortar lenha, mas uma coisa é certa: preciso rever meus compromissos na agenda.
Ir para a Itália deve ser uma das experiências mais incríveis.
O país conta com coisas maravilhosas para serem exploradas.
Adorei 🙂
Quero muito conhecer a Itália.
Quem sabe um dia, Isabela? 😉
Itália é uma excelente escolha, tanto pela paisagens de tirar o fôlego, como pela beleza natural do local.