Em tempos de crise econômica, uma das primeiras coisas que acontecem é o aumento do valor do dólar e, com ele, o medo de viajar para o exterior. Das compras e hotéis ao cafezinho da esquina, tudo numa viagem fica mais caro. Pagar com o cartão de crédito pode trazer surpresas um pouco desagradáveis, mas comprar papel moeda estará pela hora da morte.

Eu também já passei por isso, mas depois de viajar com dólar baixo, com dólar alto e com flutuação cambial, posso dizer que, com um certo cuidado e planejamento, você pode viajar nessa época sem gastar muito mais que o planejado 🙂

O dólar subiu. E agora? - 2

Foto: Murilo Cardoso (CC BY-NC-SA 2.0)

Um guia para viajar em tempos de crise e de dólar alto

Pior que o dólar alto, a variação cambial nos deixa loucos, sem sabermos ao certo se daremos sorte de pagar a fatura do cartão com uma cotação boa ou aquele azar de, justamente no dia do pagamento da fatura, o dólar disparar. Sejamos francos, esse aumento do dólar é uma caca, mas também não é o fim do mundo para quem quer viajar. Com um pouco mais de planejamento você consegue aproveitar bem a viagem 😉

Dinheiro Vivo, Cartão de Crédito, Cartão de Débito ou VTM?

Sempre que o dólar sobe, pensamos imediatamente que comprar papel moeda é a melhor opção, mas será que pagar a cotação mais cara e ter a insegurança de levar uma grande quantidade de dinheiro vivo com você vale a pena?

Dinheiro Vivo

O papel moeda tem a grande vantagem de garantir a cotação no momento da compra (ótimo para períodos de variação cambial), mas tem a desvantagem de ser mais caro que as outras cotações (já que a base é o dólar turismo) e de nos deixar com uma preocupação constante, afinal ou carregamos o dinheiro conosco ou deixamos nos cofres – não tão seguros – dos hotéis :/

O dólar subiu. E agora? - 3

Foto: ruimc77 (CC BY-NC-SA 2.0)

Cartão de Crédito, Débito

Utilizar os cartões tem a grande vantagem de não ser necessário carregar dinheiro vivo com você, uma preocupação a menos na viagem, e de cobrar uma cotação melhor que a do dólar turismo, mas eles têm a grande desvantagem de pagar IOF de 6,38% contra 0,38% do papel moeda. No caso do Cartão de Débito, a cotação é fechada no dia da compra, enquanto que a do Cartão de Crédito é a do dia do fechamento da fatura. Lembrando que no Cartão de Débito ainda podem incidir taxas extras (em geral nos saques) que variam de banco para banco, por isso vale a pena falar com seu gerente antes de viajar 🙂

Mais detalhes aqui:

Como usar o cartão de débito internacional

VTM

Assim como os Cartões de Crédito e de Débito, ele também paga 6,38% de IOF e, além disso, tem a desvantagem de utilizar a cotação do Dólar Turismo que é sempre a mais cara. A única vantagem, a meu ver, é que ele pode ser recarregado pela Internet e você não precisa carregar dinheiro vivo com você. Ainda assim é a pior opção em temos de custo benefício.

Leia também:

Novo aumento do IOF: Cartões de débito, pré-pagos e saques foram afetados 🙁

Fazendo contas

Para cada 1000 dólares, este seria o valor aproximado em cada uma das opções:

Cotação: 24/11/2014

Se considerarmos o Cartão de Crédito e o Papel Moeda, a diferença será de +- 100 reais a cada 1000 dólares (3,8%). Cabe a você dizer se as milhas do seu cartão e a tranquilidade de não se preocupar em carregar todo esse dinheiro compensam essa diferença 😉

Nota: Repararam como a diferença real entre o Cartão de Crédito e o Papel Moeda (3,8%) ficou menor que a diferença do IOF (6%)? Essa é uma das razões que eu continuo gostando do cartão de crédito 😉

Qual opção escolher?

Cada modelo tem suas vantagens e desvantagens e não há uma fórmula perfeita. Assim como nos investimentos, fazer um mix de opções é a melhor saída para diminuir as perdas 😛

Esse mix depende muito do seu perfil, do quanto você gosta das milhas do seu cartão de crédito e do quanto você espera que o dólar varie até o pagamento da sua fatura. Eu particularmente não acho que o dólar vá estourar mais do que já estourou, variando entre 2,50 e 2,70 nos próximos meses 🙁

No meu caso, prefiro ter menos perrengue e mais praticidade quando viajo, por isso levo pouco dinheiro vivo (300 dólares) para emergências, pago tudo no cartão de crédito e deixo o cartão de débito para fazer saques internacionais.

Se me perguntarem como eu faria para economizar um pouco mais sem ficar muito preocupado ao carregar dinheiro vivo pra lá e pra cá, eu diria:

O Dólar subiu. E agora?

Agora que já decidiu qual a melhor opção para você levar seu dinheiro, veja como economizar e aproveitar melhor sua viagem nesses tempos incertos.

Quem converte não se diverte, mas com o dólar alto não temos muita escolha :/

Uma das primeiras coisas que aprendi sobre viagens foi: Quem converte não se diverte. Essa é a mais pura verdade. Ficar fazendo conta para cada coisinha que você quer fazer, comer ou beber, além de perda de tempo, deixa a viagem mais chata.

Infelizmente, com o dólar nas alturas (e consequentemente Euro, Libra e outras moedas), é preciso fazer essa conversão com mais frequência :/ Ontem mesmo a Natalie me ligou de Berlim dizendo que por causa do Euro super caro, ela deixou de comprar algumas coisas no Mercado de Natal da cidade.

Por isso, diminuir as compras é a primeira dica para evitar surpresas e gastos desnecessários. Fazer o quê? 🙁

Viaje pelo Brasil

Dólar alto e variação cambial são boas desculpas para viajar pelo Brasil, não que se precise de desculpa pra isso 😉

Vá para outros países em crise econômica

A crise na Argentina está tão grande que quem tem olho, digo, dólar é rei por lá. Aproveite que quase todos os lugares (de restaurantes e hotéis a lojas de todo tipo) estão aceitando a moeda americana e faça a festa. No mês passado a Natalie disse que, num dos restaurantes visitados, cada dólar estava valendo por volta de 14 pesos argentinos o.O

Aqui na América do Sul, temos notado que, apesar do aumento do dólar, as outras moedas têm se mantido razoavelmente no mesmo patamar em relação ao Real, então aproveite a deixa para passear por nossos vizinhos como Peru, Chile, Uruguai, Colômbia e Bolívia.

Grécia, Portugal e Espanha também são países que não estão muito bem das pernas, o que faz com que os preços no geral estejam mais atrativos mesmo com o Euro caro 😉

O dólar subiu. E agora? - 1

Foto: Liliana Amundaraín (CC BY 2.0)

Fique de olho nas promoções de passagens aéreas

As passagens aéreas, principalmente as internacionais, são atreladas ao dólar, então fique de olho nas promoções e feirões, quem sabe você não encontra uma boa oferta que compense essa variação cambial? No final do ano, a tendência é de que as coisas fiquem mais baratas no hemisfério norte devido ao inverno, tornando-se uma época atrativa para quem quer gastar menos 🙂

Encontre promoções de passagens aéreas

Aproveite as atrações que têm entrada grátis

Atrações grátis, pague o quanto quiser, cartões de desconto ou com entradas francas em certos dias e horários estão espalhados pelo mundo todo. Por exemplo, quase todas as grandes atrações de Londres e Washington DC são grátis, muitas atrações de Nova York não têm valor fixo de entrada e Frankfurt e Paris têm seus cards de desconto. Por isso, se você planejar direitinho, certamente conseguirá visitar muitas delas gastando pouco 😀

Diminua a classe do seu hotel e restaurantes

Essa é a dica que mais me dói o coração. Nós acreditamos que o hotel influencia muito na experiência que você terá em sua viagem. Ficar no Seven Hotel de Paris foi super divertido, mas eu sei que em tempos de crise devemos abrir mão de algumas coisas. Por isso, considere diminuir a classe e o valor do seu hotel, e até mesmo dos restaurantes que pretende visitar, para poder compensar o aumento no preço do dólar.

Mas quer uma dica? Reserve pelo menos um dia num hotel legal e um jantar num restaurante bacana ao final da viagem, você merece 😉

Você acha que com essa flutuação cambial devemos parar de viajar?

Ou concorda comigo e acha que com um pouco mais de planejamento e esforço

é possível continuar curtindo a viagem? Deixe sua dica 🙂