Quem nos acompanha nas redes sociais viu que, neste último novembro, eu desbravei literalmente a Amazônia Peruana em busca da civilização Chachapoya e de seus legados, cujo maior expoente é a fortaleza de Kuélap (considerada, por alguns, a segunda Machu Picchu). De volta ao Brasil, eu diria que real beleza dessa região do Peru não está nas ruínas em si, mas principalmente em toda sua exuberante paisagem natural que encontramos pelo caminho e as Cataratas de Gocta são o melhor exemplo disso. O que importa é a jornada, já diria o seriado Lost.
Desbravando a Amazonia Peruana
Nossa expedição, feita em parceria com a Promperu, tinha o objetivo de realmente desbravar o estado peruano do Amazonas e mostrar os principais pontos de interesse relacionados à civilização Chachapoya, dominada pelos Incas nas últimas décadas do império.
Foram praticamente 7 dias de trekkings diários, longas viagens por estradas sinuosas, altitude acima dos 1600m e quase nenhuma internet, tudo em meio à montanhas e vales increíbles que marcam a memória de qualquer viajante 🙂
O post de hoje fala sobre o lugar mais bonito dessa viagem: as Cataratas de Gocta. Fiquem tranquilos, durante a série, explicarei um pouquinho mais sobre a civilização Chachapoya e, ao final, deixarei um roteiro especial para quem quiser aproveitar essa região da melhor maneira possível #aguardem 😀
Antes de começarmos, é preciso dizer que a Amazônia peruana, apesar de ter o mesmo nome, não tem muito a ver com a nossa Amazônia, pois a vegetação é diferente e ela está bem no meio dos andes, a altitude fica quase sempre acima dos 1500m, sem contar a quantidade enorme de montanhas que existem por ali.
Roteiro de viagem aprovado pelo Sundaycooks
Organizar uma viagem para o Peru pode parecer algo confuso, mas não se preocupe!
Nós testamos e aprovamos o pacote da Venturas para que você possa viajar mais tranquilo.
Curiosidade: É no departamento de Loreto, próximo à cidade de Iquitos, no Peru, que fica a nascente do Rio Amazonas e o começo da floresta amazônica como a conhecemos 🙂
Chegando em Gocta
Era noite quando estacionamos na porta do nosso hotel, o Gocta Andes Lodge, depois de quase 8 horas de estrada desde Tarapoto, o aeroporto mais próximo. Mal sabíamos que, no dia seguinte, conheceríamos a terceira cachoeira mais alta do mundo segundo a National Geographic. Mais que isso, para mim, as cataratas seriam o ponto alto de toda a viagem.
Bastou o sol raiar para termos noção da imensidão das Cataratas de Gocta. Bem em frente à piscina de borda infinita, e por detrás das nuvens que insistiam e participar da foto, surgem suas quedas d’água ao longe, dando ao Gocta Lodge uma das mais belas vistas de hotéis no Peru na minha opinião.
Apesar de ser o melhor hotel da região, ele é bem rústico (até porque essa é a ideia do local); seu café da manhã é bom, com opções de iogurte, cereais, pães e geleias; o quarto é amplo, com chuveiro de água quente em boa quantidade, e o restaurante supre bem as necessidades dos viajantes.
Uma pausa para o café da manhã
Enquanto tomávamos o café, nosso guia nos explicava que a cidade, ou melhor, povoado de Gocta quase foi abandonado no passado, situação que mudou quando um alemão viu as cataratas e resolveu ir até lá. Em 2003, os Caritas construíram uma trilha até a base das cataratas, fato que ajudou o turismo a se estabelecer por ali e evitou que o povoado deixasse de existir.
A primeira queda das Cataratas de Gocta tem 131m de altura e fica próximo ao povoado de San Pablo, enquanto que sua segunda queda tem 540m e está próxima à Cocachimba. Quem quiser visitar ambas as quedas, pode fazer tudo em um passeio de dia inteiro em meio à floresta 🙂
As Cataratas de Gocta
Partimos diretamente do Gocta Lodge numa trilha de 6 quilômetros até a base das cataratas por entre um cenário de subidas e descidas, árvores altas, mata fechada, muita umidade, pequenos riachos e quedas d’água.
O caminho é tão bonito que você nem sentirá os efeitos da altitude de 1600m. Para aqueles que não têm tanto preparo físico (presente!), ainda é possível fazer a primeira metade a cavalo 😉
Tirando uma série de besouros (que mais pareciam aranhas) em acasalamento, pouco vi da fauna da região, entretanto, ficamos sabendo que uma turista conseguiu ver o gallito de las rocas naquele mesmo dia.
A cada mirante, uma nova supresa, e logo nos primeiros, as nuvens deram trégua e conseguimos ver o topo da primeira queda a 771 metros do solo 😀 Já o último mirante fica a poucos metros da base das cataratas, mas, como louco por cachoeiras que sou, resolvi seguir descendo até o último degrau para poder sentir os respingos da queda d’água que, naquela distância, mais pareciam uma garoa paulistana, hora mais forte, hora mais fraca.
Chegando lá, feche os olhos e sinta as gotas de água tocando seu corpo. Ouça o barulho da água correndo por entre as pedras. Não há como não sentir toda a energia que emana das Cataratas de Gocta. É algo que é preciso estar lá para entender.
E foi assim que, logo no primeiro dia de viagem pela terra dos Chachapoyas, eu encontrei meu lugar favorito no Peru depois de Machu Picchu 😀
Qual a melhor época para visitar as Cataratas de Gocta?
Conversando com nosso guia, ele disse que é preciso evitar a época de chuvas, pois as estradas e trilhas podem ficar intransitáveis por causa da lama e dos deslizamentos de terra. Ainda segundo ele, os melhores meses são de maio a setembro para toda a região dos Chachapoyas, a mesma época ideal para visitar Machu Picchu.
Nós fomos no início de novembro e pegamos chuva quase todos os dias, mas nada que nos atrapalhasse, entretanto, era possível ver alguns deslizamentos nas estradas e lama nas trilhas.
O que levar na mala para a trilha de Gocta?
Sobre Gocta especificamente, eu indico levarem os seguintes itens:
- Repelente
- Capa de chuva
- Capa impermeável para mochila
- Tênis de trekking (tênis normal funciona, mas não é a mesma coisa)
- Barrinhas de cereal ou outra comida de sua preferência
Não deixem de ler também o post abaixo sobre trilhas no Peru:
Como se preparar para fazer a Trilha Inca no Peru?
Como chegar a Gocta?
De maneira bem sucinta, a maneira mais rápida é ir de Lima a Tarapoto de avião e de lá seguir por terra até Gocta com um receptivo local em aproximadamente 8 horas de estrada. Caso já esteja na cidade de Chachapoyas, a distância de 44km é percorrida em 1h.
Deixarei a resposta completa dessa pergunta para o post com o roteiro dessa região, mas posso adiantar que dirigir por ali é algo que você não deve fazer de jeito algum, a não ser que correr riscos seja o motivo da sua viagem.
Entradas e guias
Note que os valores foram tirados de um folder que recebi durante a viagem, por isso, eles podem variar de agência para agência:
- Guia local para uma das quedas das cataratas de Gocta: 30 soles
- Guia local para a visita às duas quedas das cataratas de Gocta: 50 soles
- Entrada para a visita a uma das quedas ou à base da cachoeira: 10 soles
- Aluguel de cavalo: 30 soles
Contato das associações de moradores locais:
- Associação de Cocachimba: [email protected]
- Associação de San Pablo: [email protected]
Tours oferecidos pelo Gocta Lodge para grupo de 4 pessoas:
- Kuélap (dia todo): 145 soles por pessoa
- Karajía (meio dia): 100 soles por pessoa
- Leymebamba e Revash (dia todo): 170 soles por pessoa
Não deixe de pesquisar também os valores dos tours pela região nas agências de viagem do Peru indicadas pelos leitores.
Clique aqui para conferir todas as nossas dicas e roteiros do Peru \o/
O Sundaycooks viajou para a convite da Promperu e da Tam.
Quando terminei a leitura deste post, o desejo, necessidade e vontade foi #partiuamazoniaperuana!
Com certeza, Gilze! 😀
Olá! Como foi que você foi de Tarapoto pro Gocta Lodge? Sabe dizer se tem algum táxi ou van que faça esse serviço? E quanto custar em média. Obrigado!!
Oi, Yuri.
O Fred foi com um serviço fechado por uma agência local. Você pode entrar em contato com o pessoal do Gocta Lodge e eles devem te passar informações sobre trânsfer nessa região 😉