Berlim é o centro da contra cultura na Alemanha e na Europa como um todo. Conhecida por seus marcos históricos e pelos inúmeros museus e galerias, a cidade também entrega tudo quando o assunto é arte urbana e grafites. Reunimos um roteiro com algumas obras à céu aberto para você incrementar seu roteiro pela cidade.
Um pouco da história do grafite e da arte urbana
Quando falamos em arte urbana (ou street art), tratamos de intervenções que têm passado por mudanças de paradigma nos últimos anos. Se hoje associamos o pixo à contravenção, enquanto vemos o grafite ganhar os espaços institucionais da arte, nem sempre foi assim. Ambas as correntes compartilham a mesma gênese transgressora, presente desde antes de grafiteiros ganharem o mundo com seus trabalhos.
Hoje estabelecido como um dos pilares da cultura hip-hop, o grafite nasceu ainda antes desse movimento. Mensagens políticas pintadas em muros, inclusive, remontam à Antiguidade Clássica. Uma arte mais próxima do que vemos hoje, porém, ganhou força em 1968, em Paris, quando estudantes começaram a imprimir suas palavras de ordem nos muros.
Nos Estados Unidos, poucos anos depois, começaram a surgir “pixações” contrárias ao presidente Richard Nixon, ou que pediam a liberação de Huey Newton, um dos líderes dos Panteras Negras. Durante as duas décadas seguintes, o caldo de cultura – ou de contracultura, nesse caso – que refletiu no punk e no hip-hop esteve em ebulição e, na Filadélfia e em Nova York não existiam mais trens que não estivessem grafitados.
Aos poucos, o grafite (e o “pixo”, como distinguimos no Brasil) foi se tornando uma manifestação artística jovem, política e engajada. Não à toa, ganhou eco em uma cidade onde havia muitos jovens politicamente dedicados: a Berlim dos anos 1970. Também pudera, esses adolescentes tinham à disposição o mais infame dos muros, que até ser derrubado foi um painel “pixado”, grafitado e receptáculo de todo o tipo de intervenção visual.
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Hoje, o que resta do Muro de Berlim, derrubado em 1989, forma parte da maior galeria a céu aberto do mundo e um dos destinos turísticos mais relevantes da Europa: a East Side Gallery. No que restou da separação entre ocidente e oriente berlinense, há mais de 1.300 metros de murais grafitados – artes feitas por 118 artistas de todo o mundo ainda em 1990, a convite do poder público.
Lá estão trabalhos célebres como o Beijo Fraternal, grafitado por Dmitri Vrubel, em que dois líderes soviéticos se beijam; ou os painéis Test the Rest, Trabi (Birgit Kinders) e You have learned what freedom means (André Sécrit). Mas, muito além da East Side, o grafite em Berlim foi uma influência que moldou a paisagem de toda a cidade. O que era visto como rebeldia juvenil tornou-se arte com vários e vários espaços dedicados a ela.
Roteiro de arte urbana em Berlim
Ponto positivo deste roteiro é que todas as visitas podem ser feitas a pé, pelas ruas berlinenses, onde andar de cabeça erguida e olhos abertos pode te reservar boas surpresas. Utilizar uma bicicleta é outra opção interessante.
1. Parque Gleisdreieck (Park am Gleisdreieck)
Aqui é possível ter um vislumbre de como os murais são feitos. Ao lado da pista de skate do parque está o Legacy Wall, um espaço dedicado às origens do movimento grafiteiro. Por isso, nessas paredes o foco é o lettering – ou seja, cada intervenção tem como elemento central a tipografia e as letras, isso é, as tags.
Você pode, inclusive, deixar a sua própria marca por ali. Na Legacy Store (Yorckstrasse 53), você pode comprar materiais e solicitar uma permissão de fazer a sua própria tag. Além do Legacy Wall, estão na região dois dos principais grafites da cidade: o Trialog (pintado por Innerfields), na Möckernstrasse 106, e o Revolt of the Colours (de Interbrigadas e V.), na Luckenwalder Strasse 11.
Você é do tipo que adora entender mais sobre street arte? Que tal um roteiro guiado a pé pelos principais pontos de Berlim?
Yorckstrasse 53 – 10965
De segunda a sábado, das 12h às 20h.
Metrô: estação U Yorckstrasse (linha U7)
2. Museu Urban Nation e Bulowstrasse
Uma das entidades mais comprometidas com a arte urbana de Berlim é o Museu de Arte Contemporânea Urban Nation. Com apoio da Fundação Berliner Leben, vários projetos foram empreendidos pelo museu envolvendo diversos artistas de rua relevantes.
A instituição está na rua Bülowstrasse, onde um passeio já é, por si só, como uma visita a uma galeria ao ar livre. A fachada do Urban Nation compõe a paisagem sempre sendo renovada com novas pinturas.
Entre os principais trabalhos expostos, está o projeto colaborativo word to mother, que envolve a atuação de vários grafiteiros. Também se destacam na região os murais No Future (de Shepard Firey), na esquina da Frobenstrasse com a Schwerinstrasse, e o Created (de Phlegm), na Kirchbachstrasse 1.
Bulowstrasse 7 – 10783
Terça e quarta, das 10h às 18h
De quinta à domingo, das 12h às 20h
Fechado todas às segundas
Gratuito
Metrô: estação Nollendorfplatz (linhas U1, U2, U3 e U4)
Acesse a página oficial do museu aqui.
3. Distrito de Kreuzberg
Atualmente considerado como a meca da arte de rua, Kreuzberg é um reduto do grafite e da cultura hip-hop. Influenciados pela cena de Nova York, os jovens formaram gangues e reivindicaram um pedaço da cidade à sua maneira. Atualmente, os ex-membros desses grupos ainda estão na ativa, mas não mais como grafiteiros.
Hoje, eles administram estúdios de break, lojas de grafite, agências e militam pelo crescimento da arte urbana nos espaços públicos. Um passeio para conhecer a arte da região pode ser aliado às visitas aos museus de diferentes culturas que marcaram presença na história do distrito, conhecido ainda pelos restaurantes e casas noturnas.
Uma boa dica aqui é: vá de bicicleta e conheça o quanto puder de Kreuzberg, uma das regiões mais efervescentes de Berlim.
4. Moritzplatz
Ao redor desta praça, você encontra alguns dos murais mais famosos da cidade, criados em iniciativas de arte de rua como o One Wall Project. Um dos mais significativos deles foi inaugurado em 2021 em homenagem a Marielle Franco. A intervenção, feita por ocasião do Dia Internacional da Mulher, foi conduzida pela artista Katerina Voronina em cooperação com a Anistia Internacional e o Urban Nation.
Outros murais destacados da região são: Astronaut Cosmonaut (Victor Ash), na Oranienstrasse 95, No Comment (Jadore Tong), na Ritterstrasse 12, e Daphne & Apollo (Francisco Bosoletti and Young Jarus), na Wassertorstrasse 65.
5. Mehringplatz
Um lugar que reúne vários ícones da cena da arte de rua, com diversos murais realizados por artistas renomados de todo o mundo. Muitos deles estiveram em Berlim em 2018 durante o One Wall Project, conduzido pelo Urban Nation. Shepard Feirey, criador do pôster da campanha eleitoral de Barack Obama em 2008, imagem que se fixou no imaginário da cultura popular, foi um dos que participou, produzindo o mural Make Art Not War.
A arte está em Mehringplatz 28. Na Wilhelmstrasse 7, atrás da quadra esportiva, está o elefante de Jadore Tong, batizado como !, impondo suas cores ao bairro. Outro dos favoritos é o mural Hoodie Birds, de Don John, na Mehringplatz 29.
6. Gorlitzer Bahnhof & Wrangelkiez
Se estiver indo em direção a Friedrichshain, distrito igualmente alternativo como o seu vizinho Kreuzberg, desça na estação Görlitzer e aproveite para conhecer o bairro Wrangelkiez, região em que você irá se deparar com diversas intervenções artísticas.
Próximo a Görlitzer, por exemplo, na Oranienstrasse 2, está o Nature Morte, feito por ROA. Na Manteuffelstrasse 12, outro grande trabalho: o Lady with Bird, de Tank.
As regiões em que estão concentradas as artes de rua ao redor de Bülowstrasse e Görlitzer Bahnhof podem ser alcançadas com facilidade pelas linhas U1 e U3 do metrô, de onde podem ser, inclusive, vistos de maneira privilegiada alguns dos murais.
7. Elsenbrucke
As pontes são populares entre os grafiteiros e Elsenbrücke não é exceção. Na parede externa da velha torre da casa de bombas, você encontrará um ponto de interrogação de Otto Schade. The Berlin Kidz, grupo alemão de grafiteiros, também se imortalizou por ali com suas típicas letras verticais em vermelho e azul, no melhor estilo do “pixo” brasileiro.
No local, nada de andaimes e guindastes. Os “pichadores” e grafiteiros fazem a sua arte usando equipamentos de escalada e fazendo rapel. Alguns dos principais murais são: Monkey See, Mokey Do (Herakut), na Alt-Stralau 4, Rosco (Brotlose Kunst), na Fanny-Zobel-Strasse 11, e Swiss Made (Dr. Drax, Pase, Akte One e Kobe), na Revalerstrasse 1.
É possível encaixar uma visita a Elsenbrücke em uma programação maior. Isso porque, nas imediações, está o ancoradouro da Stern und Kreisschiffahrt, que oferece excursões e viagens de barco por Berlim.
Nada melhor do que alguém que realmente entende do babado para trazer um contexto desses movimentos artísticos na cidade. Aproveite e reserve um tour guiado pelos principais murais de Berlim.
8. Oberbaumbrucke
Essa ponte, durante a divisão de Berlim, conectava o distrito de Friedrichshain, no lado oriental, ao distrito de Kreuzberg, no lado ocidental. Imponente, a estrutura já apareceu em algumas superproduções como “Corra, Lola, Corra” e “A Identidade Bourne”.
Os murais de arte urbana ao redor da Oberbaumbrücke são alguma das diversas propostas e iniciativas artísticas para alavancar a região, parcialmente destruída durante a Segunda Guerra Mundial. A própria ponte teve de ser amplamente renovada após a reunificação da Alemanha.
Entre os murais mais visitados por ali, está o Yellow Man, na Oppelner Strasse 3, da dupla brasileira Gustavo e Otávio Pandolfo, mais conhecidos como Os Gêmeos. Outros destaques: Pink Man (BLU), na Falckensteinstr 49, e Rounded Heads (Nomad), na Oppelner Strasse 46/47.
9. Boxhagener Platz & Frankfurter Tor
10. RAW-Gelande
Esse espaço já foi, nos séculos XIX e XX, destinado a receber locomotivas. Atualmente, é mais um dos lugares de reunião de gente jovem e criativa em Berlim, atraindo pessoas de todo o mundo.
Hoje, de maneira cooperativa, são conduzidas mais de 80 iniciativas nessa região. Além dos murais e trabalhos artísticos, você pode praticar escalada, andar de skate, dançar, jantar e muito mais. Há, ainda, uma feira aos finais de semana.
Em termos de street art, um dos murais mais visitados ainda está fora do RAW-Gelände, na altura da Warschauer Strasse. 58: There’s no such thing as bad publicity, por MTO. Dentro do espaço, se destacam Cassiopeia mural (Rolf Le Rolfe) e Hochbunker mural (Lake).
11. Holzmarkt
Se hoje o Holzmarkt é um dos locais mais buscados em Berlim, isso se deve a um grupo de cidadãos comprometidos que tomaram o protagonismo. Em 2008, 87% das pessoas se opuseram, em referendo, que a região fosse destinada apenas ao comércio. Dessa forma, foram implementados grandes murais no bairro.
Isso fez com que o Holzmarkt se tornasse parte integrante da cena criativa de Berlim. Além dos grafites, há arte de todo o tipo, exposições, shows e eventos gastronômicos. O local está somente a 15 minutos a pé da East Side Gallery, em um caminho recheado com diversos painéis.
Na Holzmarktstrasse 25, estão três dos principais murais: Hidden Object (de wenu), unknown (Klebebande) e Citizens (El Bocho). No número 31, há outra intervenção muito celebrada: No Title (Cranio, The Blue Indian).
12. Parque do Muro (Mauerpark)
Essa região, hoje um parque, já foi cruzada pelo Muro de Berlim. Atualmente, o espaço é dedicado ao lazer de famílias e jovens que usufruem desse amplo espaço verde. No Wall of Fame, a exemplo do que acontece no Parque Gleisdreieck, é possível grafitar e “pixar” legalmente.
No local, há também um anfiteatro e uma grande feira que, aliados ao muro e à natureza, atraem muitos visitantes e fazem do Mauerpark um ponto de encontro especial em Berlim.
Além da possibilidade de intervenção no Wall of Fame, há alguns murais espalhados no entorno, como: even heroes have bad days, na Schwedter Strasse 228, The big jump (Victor Ash), na Oderberger Strasse 57, e Snoopy and the balloon (Fanakapan), na Schwedter Strasse 30.
13. Bernauer Strasse
A fotografia do soldado da Alemanha Oriental, Conrad Schumann, saltando a divisão entre os dois lados da cidade rodou o mundo. Essa imagem, inclusive, está em um dos principais murais desta região, que foi um dos pontos fronteiriços da divisão de Berlim. Na Bernauer Strasse, é possível ter um vislumbre do que era aquela vida partida.
Atualmente, nesta rua – inspirado pelos eventos ocorridos durante a reunificação alemã – está o mural Steakart, no número 11, feito por Xi-Design. Onde vemos uma faca cortando a carne, é possível observar os contornos dos bairros de Berlim como uma cidade reunida, após um período tão traumático.
Na Stralsunder Str. 33, você pode visitar a Stralsunder Kapitän, de stereoheat, enquanto na Anklamer Str. 60, está o mural Flowers, animals and famous men, intervenção cooperativa de Spray City, Tasd, Tras, Fuchur e Bandit.
14. Haus Scharzenberg e Neurotitan Galerie
O Haus Schwarzenberg é um prédio antigo em que funcionam ateliês, lojas e galerias de arte, entre as quais a Neurotitan Galerie, localizado em meio à intricada arquitetura entre Hackescher Markt e Scheunenviertel.
Por aqui, a arte independente e a cena criativa de Berlim têm se reunido para compartilhar projetos e ideias desde meados dos anos 1990. Caminhar por essa região é um constante estímulo dada a profusão de cores nas paredes, galerias e lojas.
O local é vizinho, inclusive, do Centro Anne Frank, onde há um mural dedicado a ela. Você também pode visitar outros murais buscados no Haus Scharzenberg, como: Wear your mask with a smile, feito pelo coletivo artístico Various & Gould, o Batwoman, de autoria de liz_art_berlin e Osch, este último também responsável pelo Charlie Chaplin.
Rosenthaler Strasse 39 – 10178
O espaço é aberto, mas aconselhamos que acompanhe o calendário oficial de eventos para horários específicos
A maioria dos eventos são gratuitos
Bonde: estação S Hackescher Markt (linha M1)
Acompanhe apresentações, exposições e eventos aqui
Rosenthaler Strasse 39 – 10178
De segunda a sábado, das 12h às 20h. Fechado aos domingos.
Bonde: estação S Hackescher Markt (linha M1)
Confira a programação aqui
Rosenthaler Strasse 39 – 10178
De terça a domingo, das 10h às 18h
Adultos: €8
De 11 a 18 anos: €4
Gratuito para crianças até 10 anos
Bonde: estação S Hackescher Markt (linha M1)
Compre seus ingressos aqui
15. Wedding
Esse bairro de Berlim é um daqueles clássicos casos de regiões que receberam, no passado, muitos artistas atraídos pelo baixo custo de vida e pela moradia barata. Atualmente, Wedding faz parte do distrito de Mitte e essa presença histórica de arte e cultura ainda marca as ruas da região.
Durante esse período, se estabeleceram no entorno vários espaços dedicados a projetos artísticos e instituições culturais, como a Silent Green, que promove eventos artísticos no antigo crematório em Wedding. Os principais murais que você irá encontrar por lá são: Tree Children (Victor As), na Gerichstrasse 23, Murals for the Kidz in the Hood (Lake Oner), na Adolfstrasse 14, e Ray Charles (Skalmo), na Leibnizstrasse 68.
16. Savignyplatz
A cinco minutos de caminhada dessa praça, que concentra ao seu redor dezenas de cafés, bares e restaurantes, está o mais antigo mural de Berlim. A intervenção foi realizada em 2004 no pátio de um antigo posto de gasolina, na altura da Uhlandstrasse 187.
O grafite, chamado de Triptychon pelos autores Gino Fuchs e Christian Wahle, cobria originalmente uma área de 1.200 metros, retratando um polvo militar controlando os políticos do Bundestag, o parlamento alemão, como marionetes. Cobria porque um projeto de construção afetou parte do painel, como você poderá observar em sua visita.
Outras intervenções artísticas podem ser encontradas próximas de Savignyplatz. Na Bachstrasse 111 está a Weltbaum (Parliament of Trees), de autoria de Bem Wagin. Já na Kantstrasse 14, é possível observar a Hommage à Magritte.
17. Marzahn-Hellersdorf
18. Teufelsberg
No ponto mais alto de Berlim, a cerca de 120 metros acima do nível do mar, está essa colina não-natural, onde funciona uma das maiores galerias de arte de rua em toda a Europa.
O terreno é formado por escombros da Segunda Guerra Mundial, que inclusive soterraram uma escola técnica militar construída pelos nazistas.
No local, já funcionou unidades de controle aéreo e de espionagem, mas hoje atua um coletivo de artistas que cuida do equipamento. Em 2012, o Graffiti Lobby Berlin convidou artistas de todo o mundo para grafitar o espaço, que atualmente recebe muitos visitantes para conhecer as intervenções.
A inciativa, que fica onde foi o lado soviético de Berlim, foi batizada em homenagem ao antigo hino nacional da Alemanha Oriental, “Auferstanden aus Ruinen” (ou Ressuscitado das Ruínas).
19. Artpark Tegel
Este é um conjunto de oito murais gigantescos que podem ser vistos de longe. Os grafites foram pintados nos edifícios com o intuito de valorizar o bairro e promover um senso de comunidade entre os moradores.
Todas as oito intervenções estão juntas, ao redor da Neheimer Str., e são facilmente acessíveis a pé. Os murais mais destacados foram feitos por Jim Avignon, no número 8, por Tankpetrol e Queenkong, no número 4, e por Collin van der Sluijs, no número 6.
Veja todos os endereços das atrações que citamos cima:
E para não perder nenhuma dica sobre este país que amamos, assista ao vídeo e confira os links abaixo com dicas de Berlim:
