Berlim: roteiro pelas atrações da Segunda Guerra Mundial e Guerra Fria

Berlim é uma fonte inesgotável de atenção para quem ama história. Durante várias décadas do século passado, a cidade foi o palco principal de eventos importantíssimos da humanidade e deixou um legado gigantesco de memória.

Hoje tudo é atração turística, é claro. Mas, mesmo com a popularização, nada perde a sua função de guardar as lembranças do passado para que os mesmos erros não se repitam no futuro.

Se você estiver com viagem marcada para a capital alemã, uma recomendação: anote essas atrações imperdíveis de Berlim, mesmo que você nem seja tão ligado nesses capítulos da nossa história.

Atrações de Berlim sobre a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria

East Side Gallery e o Muro de Berlim

O Muro de Berlim talvez seja o maior símbolo da Guerra Fria, então é natural que alguém interessado no assunto queira correr para ver esse pedaço de história ao vivo.

Para isso, o melhor lugar é a East Side Gallery, uma incrível galeria a céu aberto, formada pelo maior conjunto de partes conservadas do muro (são 1,3 km dele). Todas têm pinturas feitas por artistas nos anos 90.

Para que você não se frustre, já avisamos: depois de tanto tempo ao ar livre, muitas obras estão deterioradas e outras precisaram ser renovadas.

De qualquer maneira, é o Muro de Berlim diante de você. Original, ao vivo.

Gedächtniskirche

Um dos tantos símbolos de Berlim, a Kaiser-Wilhelm Gedächtniskirche (chamada “apenas” de Gedächtniskirche, que significa “igreja-memorial”) é impressionante e inevitavelmente nos faz pensar nos horrores de uma guerra.

Ela foi construída nos anos 1890, mas foi bombardeada e teve uma grande parte destruída durante a Segunda Guerra, em 1943. O que sobrou quase foi demolido, mas a população pediu que a estrutura fosse mantida e o governo acatou.

Em 1961, uma nova igreja foi construída ao lado, para receber os religiosos e as missas. Enquanto isso, o prédio bombardeado e parcialmente destruído foi transformado num memorial da guerra.

Tränenpalast – Palácio das Lágrimas

Entre 1962 e 1989 a estação de trens Friedrichstrasse serviu como a principal porta de passagem de visitantes do ocidente que entravam e saíam de Berlim Oriental.

Para muitos (principalmente turistas e pessoas viajando a negócios), essa fronteira era apenas uma visita cheia de burocracias. Mas para alemães que viviam em Berlim Ocidental e tinham autorização para cruzar para o outro lado, essa barreira era um momento de dar adeus a amigos e parentes que viviam do lado soviético e não podiam sair.

É daí que vem o seu nome: Tränenpalast, o Palácio das Lágrimas.

Hoje, a antiga estação Friedrichstrasse se transformou num museu daqueles momentos de despedida e de burocracia dos tempos da Guerra Fria, oferecendo aos seus visitantes uma experiência angustiante, mostrando como era a passagem de um lado para o outro e apresentando objetos daquela época. Imperdível.

Museu Judaico de Berlim – Jüdisches Museum Berlin

Vários locais de Berlim nos lembram dos horrores que os judeus viveram sob o domínio dos nazistas na Alemanha. Mas o melhor início de um mergulho nessa história tão marcante é pelo Museu Judaico de Berlim.

Ali, em um complexo arquitetônico repleto de significados e que é uma experiência por si só, você encontra a história dos judeus na Alemanha. O acervo permanente está sendo refeito até 2019, mas é possível visitar as exposições temporárias, tão impactantes quanto a obra principal. E também é possível viver a proposta do complexo de prédios, pensada e realizada por Daniel Libeskind, um renomado arquiteto filho de sobreviventes do Holocausto.

Museu Checkpoint Charlie

Famoso entre os turistas que visitam Berlim, o Checkpoint Charlie é um museu junto ao local onde ficava o ponto de checagem por onde exclusivamente estrangeiros e autoridades passavam de um lado para o outro da cidade.

Ele foi inaugurado logo após a construção do muro, como uma forma de protesto pela divisão de Berlim, e passou a guardar e exibir tudo que fosse relacionado com fugas de pessoas do lado oriental para o lado ocidental.

Além disso, naquela época, seu prédio era um espaço aberto para encontros e planejamento de quem estava ajudando nas fugas do lado soviético. Como forma de agradecimento, cada vez mais e mais desertores doavam seus apetrechos para o museu, aumentando o acervo que mostra a genialidade de muitos que conseguiram sucesso nessa tentativa.

Uma informação curiosa é que o nome Charlie não é homenagem a ninguém, ao contrário do que pode parecer. Ele é simplesmente uma referência fonética à letra C, já que o ponto de checagem era denominado assim, do mesmo jeito que os outros checkpoints eram denominados como A (Alpha) e B (Bravo).

Bernauer Strasse – Memorial do Muro de Berlim

A divisão inicial de Berlim não era feita com áreas distantes umas das outras, não passava necessariamente sempre por parques, rios e lugares assim. Pelo contrário, em muitos pontos a linha divisória passava junto a prédios, cortava ruas, separava vizinhos.

Um dos maiores exemplos disso é a Bernauer Strasse, uma avenida que hoje fica no bairro Mitte.

No início dos anos 1960, a maior parte dela fazia parte de um dos setores ocidentais, mas os prédios de um dos lados da avenida faziam parte do setor soviético. O muro acabou ficando junto a esses prédios, numa proximidade que fez com que muitas pessoas, desesperadas, descessem das janelas por cordas ou até se jogassem para o lado ocidental da cidade.

Pouco depois as janelas desses prédios foram cimentadas e, mais tarde, os próprios edifícios foram destruídos, mas a história do desespero de quem tentou fugir já estava escrita.

Hoje, a Bernauer Strasse tem um grande memorial que mostra a história do muro, desde a sua construção até o seu final, passando por tudo que aconteceu nele ao longo da sua existência. E um trecho dele ainda segue lá.

Memorial do Holocausto – Memorial aos Judeus Mortos da Europa

Outro local conhecido do mundo inteiro, o Memorial aos Judeus Mortos da Europa (chamado mais frequentemente de Memorial do Holocausto) foi construído em homenagem aos mais de 6 milhões de judeus vítimas do nazismo.

Ele é definitivamente um memorial bem diferente do normal, porque não tem um ponto central de atenção e deixa seus visitantes perdidos no meio de mais de 2700 blocos de concreto com alturas variadas, espalhados num imenso espaço de 19 mil metros quadrados, com piso irregular.

O resultado é uma profunda sensação de confusão, angústia e até tontura, que nos impressiona e nos faz pensar sobre tudo a que ele está relacionado. Uma experiência única.

Topografia do Terror

O nome não poderia ser mais correto. Topografia do Terror (Topographie des Terrors) é uma exibição permanente e  localizada exatamente onde ficava o quartel-general da Gestapo, a infame polícia nazista.

O tema da exposição é justamente o terror que a Gestapo gerava nas pessoas. Através de fotos e documentos, os visitantes podem ter uma leve ideia do que a polícia de Hitler fazia com quem era levado para aquele local, desde quando os nazistas tomaram o poder até o final da guerra.

Durante a existência do prédio, mais de 15 mil opositores do regime foram aprisionados ali. Muitos nunca saíram vivos, outros foram enviados a campos de concentração.

A Topografia do Terror é uma das atrações mais visitadas de Berlim. Em 2017, ela recebeu mais de 1,3 milhão de pessoas, o que mostra a sua importância na história do país.

Museu de História Alemã – Deutsches Historisches Museum

“A história da Alemanha em imagens e objetos” é o nome da exposição permanente deste museu fundamental para quem busca entender o país da Angela Merkel.

São 1500 anos de história contados com mais de 7 mil peças, passando por séculos de miséria e glória, incluindo a Idade Média, a República de Weimar, a ascensão dos nazistas e, é claro, a Segunda Guerra, a ocupação, a divisão, a reunificação e a reconstrução de uma Alemanha única, forte e modelo para toda a Europa.

O Museu de História Alemã (Deutsches Historisches Museum) também é um dos mais visitados do país e vale muito passear por ele.

Memorial de Guerra Soviético – Sowjetisches Ehrenmal Tiergarten

As estimativas apontam que mais de 80 mil soldados soviéticos morreram na tomada de Berlim e na consequente derrota de Hitler. Esse memorial foi erguido ainda em 1945, apenas alguns meses depois da vitória, em homenagem a essas pessoas desconhecidas da imensa maioria da humanidade.

O Memorial de Guerra Soviético fica bem perto do Portão de Brandemburgo e do Reichstag, fácil de ser visitado. E além de ser bonito e de estar no meio de um lindo parque, ele tem uma curiosidade: mesmo fazendo parte do setor britânico de Berlim e em plena Guerra Fria, ele sempre foi guardado por soldados soviéticos que vinham de Berlim Oriental diariamente para isso.